Sunday, July 22, 2007

TAM TAM TAM TAM


Enquanto colidem opiniões sobre caos aéreo, passageiros ficam voando em aeroportos. Ou seja, perambulando e pernoitando à procura de informações, cada vez menos convincentes. Os considerados ricos nunca foram tão maltratados. Entram em filas intermináveis, dormem no chão, por cima de bolsas, abraçados a pertences, urinando e lanchando, como se estivessem numa rodoviária suburbana, chorando de saudade, entediados com o desconforto. Pobres passageiros. Indagado, certa vez, sobre o que sentia ao voar pela Tam, respondi, perguntando: - O que lhe lembram 4 aviões da Tam, pousados num hangar de aeroporto?
Depois de refletir, o interlocutor: - Não tenho a menor idéia.
Aí, eu: - É fácil. 4 aviões da Tam, sisudos, a nos olhar, do hangar de um aeroporto, lembram a 5ª Sinfonia de Beethoven, aquela cujo início anima as expectativas lúgubres: TAM TAM TAM TAAAAAAAAAAAAM...
Não, os tantãs não somos nós, são as autoridades que verdadeiramente brincam com nossas vidas, desde os impostos que pagamos aos benefícios que não recebemos e explicações que não obtemos. Se a causa do desastre do airbus A320 foi no freio aerodinâmico, conhecido como conversor, ou se foi falta de ranhuras na pista, conhecidas como grooving, são meras explicações mediante a amargura geral. Que é dos cento e tantos passageiros que, entre o pouso e a morte, não tiveram mais que 30 segundos, para refletir sobre suas vidas, ajoelhar em oração? Parece brincadeira que o avião desceu destrambelhado, escorregou numa poça d’água, para dar um cavalo de pau sobre uma avenida e enfiar-se num prédio ao lado. Esse videogame macabro já passou antes. Está registrado na memória daqueles que, em outros dois momentos, enlutaram, pelo relaxamento dos que não cuidaram.
Sosígenes Bittencourt

1 comment:

Anonymous said...

Enquanto isso,prefiro ir de TREM,não importa onde,o importante é não ir para o ALÉM.