Fala, Vitória

AVLAC

A Academia Vitoriense de Letras, Artes e Ciência tem a grata satisfação de convidar V.S. e família para participarem das atividades alusivas aos trinta anos da morte do escritor OSMAN LINS.
Programação:
Dia 30 de junho – Segunda feira – 8 horas:
Abertura da Exposição sobre Osman Lins.
- Local: Sede da Academia – Rua Imperial, 81.
A Exposição ficará aberta ao público das 8 às 12 horas e das 14 às 17 horas, de 30 de junho a 5 de julho.

Dia 3 de julho – Palestra sobre a vida e obra de Osman Lins a cargo da Professora da UFPE Ermelinda Ferreira.
– Local: Salão Nobre do Instituto Histórico e Geográfico da Vitória de Santo Antão – Rua Imperial, 187.
– Horário: 20 horas.

Dia 4 de julho – Exibição do filme Lisbela e o Prisioneiro, baseado em obra literária do homenageado.
– Local: Auditório da FACOL.
– Horário: 20 horas.

Dia 5 de julho - Encerramento da Exposição
- Resultado do Concurso Literário
- Exibição do curta metragem, A Partida, baseado em obra literária do renomado escritor vitoriense.
- Local: Auditório da FACOL.
- Horário: 20 horas.

- Colaboraram com a realização deste evento: Professora Ozita Lopes, FACOL, FAINTVISA, Instituto Histórico e Geográfico e Pitú.

Pedro Ferrer

Fala, Vitória

Esta é a insuportavelmente linda Silvana Mangano. E se você quiser vê-la levantando a saia, é só entrar no Youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=UVJjpjbjb94

Realmente, não dá mais para viver sem internet. Aqui, se encontram o passado, o presente e o futuro. O jornalista Marcus Prado falando que sarrou no Cine Iracema, assistindo a Arroz Amargo, com cena de Silvana Mangano levantando a saia, é impagável.

Sosígenes Bittencourt

Fragmentos

Chupa que é de uva não é música,

é conselho para prática de sexo oral.

Sosígenes Bittencourt

São Pedro

São Pedro (segundo a tradição teria morrido em cerca de 67 d.C.) e foi um dos doze Apóstolos de Jesus Cristo. O seu nome original não era Pedro, mas Simão. Cristo apelidou-o de Petros - Pedro, nome grego, masculino, derivado da palavra "petra", que significa "Pedra" ou "rocha".Jesus ter-lhe-ia dito: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e o poder da morte não poderá mais vencê-la.Pedro tem uma importância central na teologia católico-romana. É considerado o príncipe dos apóstolos e o fundador, junto com São Paulo, da Igreja de Roma (a Santa Sé), sendo-lhe reconhecido ainda o título de primeiro Papa. PAPA quer dizer: Pedro Apóstolo, Príncipe dos Apóstolos.

(Leia em forma de oração. Sem leitura, não há salvação.

Sosígenes Bittencourt)

Fala, Vitória

Preso no Livramento, em flagrante delito, Joelson Silva, de 19 anos.
Pelo tipo de crime e bairro onde atuava, o criminoso é conhecido como “Tarado do Real”.
Cheio de munganga, o pornográfico exibicionista era dado à prática de exibir os troços para a mulherada e ameaçá-las de estupro.
Não sabemos como ainda existe tarado no mundo, principalmente de 19 anos, com a mulherada solta na buraqueira e doida pra namorar.
Garroteado pela Polícia Militar, o quadrúpede vai aperfeiçoar suas práticas na oficina teatral do presídio.

Sosígenes Bittencourt

A poesia é essencial

Síntese Machadiana

Esaú e Jacó, dois jovens irmãos,
foram pedir A mão e A Luva
das irmãs Helena e Iaiá Garcia
em casamento ao seu rústico pai Dom Casmurro,
mas foram surpreendidos por Quincas Borba
ilustrando as Memórias Póstumas de Brás Cubas
e uma suposta Ressurreição do mesmo.
Ambos, atentos, registravam tudo em seu Memorial de Aires.

Eridelson José

A palavra é HIP-HOP

Hip-hop é um movimento cultural iniciado no final da década de 1960 nos Estados Unidos como forma de reação aos conflitos sociais e à violência sofrida pelas classes menos favorecidas da sociedade urbana.

O hip-hop como movimento cultural é composto por quatro manifestações artísticas principais: o canto do rap (sigla para rythm-and-poetry), a instrumentação dos DJs, a dança do break dance e a pintura do grafite.

No Brasil, o movimento hip-hop foi adotado, sobretudo, pelos jovens negros e pobres de cidades grandes, como forma de discussão e protesto contra o preconceito racial, a miséria e a exclusão.

São João e São João

Das três maiores festas anuais, o São João é a mais singela e tradicional. O Ano Novo nos trespassa de tristeza, porque sugere a contagem do tempo e amontoa os mortos. Abrimos álbum de retrato e botamos pra chorar. O Carnaval é uma festa perigosa, de extravasar frustrações. O pessoal só falta correr nu pela rua.

O São João é uma festa mais pacata, que relembra nossas tradições mais atávicas, nossas raízes culturais. Lembro-me do São João das ruas sem calçamento. O mundo parecia um terreiro só. As mulheres cruzavam as pernas, enfiavam as saias entre as coxas, para ralar o milho e o coco, enquanto os homens plantavam o machado nos toros de madeira para fazer as fogueiras. À tardinha, a panela virava uma lagoa de caldo amarelo onde fervia o maná das comezainas juninas. A meninada ensaiava o jeito de ser homem e mulher. De chapéu de palha, bigode a carvão e camisa quadriculada, era quando podíamos chegar mais perto das meninas sem levar carão nem experimentar a sensação de pecado. O coração se alegrava quando sonhávamos com a liberdade de adultos que teríamos um dia. Batia uma gostosíssima impressão de que estávamos bem próximos de fazer o que não podíamos fazer. Os ensaios de quadrilha relembravam a tristeza do último dia. Pois um ano durava uma eternidade, as horas eram calmas, podíamos acompanhar a réstia do sol e contar estrelas. Pamonha, canjica e pé-de-moleque eram tarefas de dona de casa prendada, de quem o marido se gabava. Tudo era simples e barato, ninguém enricava com a festa. A novidade era a radiola portátil, e os conjuntos eram pobres de tecnologia, mas os instrumentos ricos de som e harmonia, manuseados com habilidade e gosto, na execução do repertório da festa do milho. Quando São Pedro se ia, ficava um aroma de saudade na fumaça das derradeiras fogueiras e no espocar dos últimos fogos.
Sosígenes Bittencourt

Forró moderno? Então tome xote

José Teles

Tudo bem que as bandas de fuleiragem music tiraram a autenticidade da grande maioria dos arraiais juninos Nordeste afora. Mas não é apenas por causa das bandas que o forró vai mal. Com uma ou outra exceção, forró está resumindo-se a xote romântico. Quase não se faz mais rojões, xaxados, baiões e outros ritmos que se abrigam no coletivo forró.
Nada contra forró que fale de amor. Luiz Gonzaga cantou tanto o amor quanto as coisas do Sertão, mas quantos xotes românticos de hoje se comparam a Que nem Jiló, ou Tenho Sede (de Anastácia e Dominguinhos?)
Eu vinha ontem num táxi, o rádio do carro cantava Gonzaga: “Neste coco polícia não tem vez/se acaba no pau quem falar em xadrez”, e lembrei de outra coisa que o forró perdeu: o lúdico, o bom-humor. Chato, isto.

O que você faz com o que acontece?

O importante não é o que acontece, mas o que você faz com o que acontece.
Conheci dois estudantes gêmeos. Um era criminoso; o outro, religioso.
Perguntei ao criminoso por que ele era criminoso. Ele respondeu: - Porque fui criado num orfanato.
Aí, perguntei ao religioso por que ele era religioso. Ele respondeu: - Porque fui criado num orfanato.

João Batista, o precursor de Cristo

Marcos Lins

Todos nós lembramos deste homem nesta época do ano. Os festejos juninos são intensos, especificamente em nossa região. Combateu o pecado do Rei Herodes, por isso foi decapitado, teve morte cruel, sua cabeça foi exposta em um prato.
Jesus foi batizado por João Batista. Os pastores sempre se alegram quando batizam alguém. Imaginemos o sentimento de alegria de João Batista ao batizar o Filho de Deus. Este foi um momento sublime: o céu se abriu, o Espírito Santo desceu sobre Cristo em forma corpórea de uma pomba e ouviu-se a voz de Deus, o Pai: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.” (Lc 3.21-22)

(Marcos Lins é pastor e pertence à Igreja Presbiteriana do Brasil)

Lula sanciona lei seca

Apesar de nada contra birita, Lula nem claudicou em sancionar o projeto de conversão que proíbe a venda de bebidas nas estradas e determina que ninguém bebe mais coisíssima nenhuma. Ou seja, o comerciante, que estava sendo penalizado, vai poder vender bebida, mas o cachaceiro não poderá dirigir nem com duas latinhas de cerveja no quengo. O lóbi do setor de bares e restaurantes funcionou e fez com que o Congresso transformasse a Medida Provisória em projeto de lei. E tem mais, o motorista que for flagrado capengando e conversando miolo de pote vai passar pelo teste de bafo. Se se recusar a medir o odor de múmia, vai levar a mesma multa, R$ 955, e terá sua carteira tomada. Apesar de questão cultural que lei nenhuma resolve, a conversão bota moral em quem quer beber, cair, levantar e pensa que a embriaguez é culpa do vinho.
Sosigenes Bittencourt

Flores

Foto: Marcus Prado

Testando Conhecimentos Gerais

1. Que vitamina é necessária para uma adequada coagulação sangüínea?
a) vitamina C
b) vitamina A
c) vitamina K

2. Em que obra de José de Alencar o herói é um índio, Peri, que se apaixona por uma branca, Ceci?
a) O Guarani
b) Iracema
c) O Tronco do Ipê

3. Como é chamada a pessoa natural do Rio Grande do Norte?
a) potiguar
b) capixaba
c) magiar

4. “Tosca”, a mais popular obra do italiano Puccini, é uma:
a) valsa
b) ópera
c) sinfonia

Respostas: clique em “comments”

Fala, Vitória

Morte de Otoni Rodrigues

Fui vizinho de Otoni Rodrigues, durante muitos anos,lá na rua Martins Júnior. A rua já se chamava, pela fama do locutor, Rua de Otoni. Otoni ficou famosíssimo pelas chamadas de bingo e pelo vozeirão tonitruante que tinha.Viveu a vida com intensidade. Trabalhou, usufruiu-a, gerou filhos e os criou. Deve estar descansando em paz.
Para mim, particularmente, há duas coisas incompreensíveis na vida: Nascer sem pedir e morrer sem querer.

Sosígenes Bittencourt

01. Filhos de imigrantes japoneses são nissei. Netos de imigrantes japoneses são sansei. Filhos de brasileiros com cara de japonês não sei.

02. Quem pratica aborto para encobrir safadeza, pratica mal maior que a própria safadeza.

03. No Brasil, quem mais paga imposto é quem menos pode pagar e não tem como evitar; já quem menos paga é quem pode pagar e tem como sonegar.

04. No mundo não há falta de alimentos, há falta de alimentação.

05. Ninguém quer reconhecer que tem uma parcela de culpa e, por isso, um saldo de padecimento.

06. Assim como respeitamos o seu direito de fumar, respeite-nos o direito de não querer nos matar.

07. Não brinque com fogos de artifício. Queimadura é o maior suplício.

08. Paixão é impressão. Quem está apaixonado, está impressionado.

09. Novo brado de Independência: Educação ou Morte!

10. O Brasil tem duas questões de amor-próprio: ganhar Copa do Mundo e tomar conta da Amazônia. Se não o faz, outros males não me espantam.

Sosígenes Bittencourt

Brasil 0, Argentina 0

Essa Seleção Brasileira dá tédio até em quadro de natureza morta. Perde da Venezuela, perde do Paraguai, empata dentro de casa, na agonia, com a Argentina, porque não consegue vazar a meta adversária. Não é defensiva nem ofensiva. Um desastre. Dunga sempre foi um jogador esforçado, mas não foi um grande jogador de futebol. Além do mais, essa seleção deve ser política, cheia de caprichos de gente enxerida que é o traço marcante de nossas falsas elites. Como esses jogadores estão ricos com os tornozelos e as panturrilhas, morando nas Eurásias da vida e tirando ouro do nariz, não devem se aperrear com esse país de batalhas intestinas, politiqueiras boçalidades, músicas pornográficas e apartheids regionais. E o torcedor que se dane Futebol Clube.

Sosígenes Bittencourt

Fala, Vitória

(segunda-feira, 09/06/2008)
Hoje a Fundação Joaquim Nabuco abriu, sob a coordenação da Dra. Rita de Cassia Barbosa de Araujo, Diretora do Departamento de Documentação, a exposição de 200 anos da imprensa no Brasil.

O Instituto Histórico e Geográfico da Vitória teve relevante participação.
Nestes dois séculos muitos sucumbiram para que nossa imprensa fosse livre. A liberdade de expressão é o apanágio de uma democracia. Democracia que não só foi vilipendiada na década de 40 pelos "Filintos Mullers" da ditadura de Vargas, pisoteada pelos coturnos da redentora de 1964, mas que continua ultrajada pelos políticos que só fazem o jogo do poder, salvaguardando seus interesses.

Pedro Ferrer

Estudando Português

Ponto-e-vírgula

1- Separa os vários membros de uma enumeração descritiva ou narrativa:
Em sua oração fúnebre, Péricles refere-se ao heroísmo dos combatentes mortos; à dor de suas mães; à gratidão dos sobreviventes e à necessidade de guardar a memória dos que morreram pela pátria.

2- Separa as orações adversativas (introduzidas por mas, porém, contudo, todavia, entretanto) e as conclusivas (caracterizadas por logo, portanto, assim, então, conseqüentemente, por isso etc.), esteja subentendida ou explícita a conjunção, quando se quer fazer uma pausa maior do que vírgula:
Crê em ti; mas nem sempre duvides dos outros.
Era incrível a variedade dos adornos; contudo, a pessoa que os escolhera não devia ter gosto apurado.
Há muitos modos de afirmar; há um só de negar tudo. [conj. adversativa implícita]
As doses eram diminutas; tinham, portanto, de aguardar longo prazo pelo efeito.
A natureza das relações sociais constitui a base do desenvolvimento das capacidades humanas; logo, das qualificações.
Tinha a pedra na mão, mas já não era necessária; jogou-a fora. [conjunção conclusiva subentendida]

3 - Separa os considerandos, incisos de leis ou decretos e os diversos itens de uma enumeração:
O Governador do Estado,
Considerando que ... ;

Considerando que ... ;

Considerando, finalmente, que ... , decreta

Constataram os técnicos vários problemas:
a. vazamento de água;
b. ruptura da rede em três pontos e
c. alteração do medidor.

Art.14. Os infratores das disposições desta Lei ficam sujeitos às seguintes sanções:

I. notificação;
II. multa;
III. cassação do atestado;
IV. embargo da obra.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini

Fala, Vitória

Esta foto integra o acervo SANTA MARIA DE DEUS, A MADRE que produzi em museus da Europa e EUA, que se destacam por coleções temáticas da Idade Média, Renascentista, Barroco e Rococó. Uma seleção de 300 fotos será exibida no auditório Renato Carneiro Campos, do Conselho Estadual de Cultura, em Outubro, no Colégio N. S. da Graça, em Vitória de Santo Antão/PE, quando se celebra no mundo inteiro data significativa no calendário mariano.

Marcus Prado

INCRA e INCRível revelação

Números do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) mostram que estrangeiros são donos de mais de 3,8 milhões de hectares de terra no Brasil.
Os números revelados pelo INCRA depõem contra o próprio INCRA. É INCRível! Sem Reforma Agrária, a Colonização é estrangeira.
O Brasil tem duas questões de amor-próprio: Ganhar Copa do Mundo e tomar conta da Amazônia. Se não o faz, outros males não me estranha.
O que fazem nossas Forças Armadas, além de escovar botina e praticar exercício físico? Pelo que me consta, Exército, Marinha e Aeronáutica são para preservar a soberania nacional. Se nossos flancos estão vulneráveis à sanha rapace da pirataria internacional, perdemos, gradativamente, uma batalha sem oferecer resistência, sem cumprir nosso papel.
Segundo resume um brocardo popular, 'estamos entregando o ouro ao bandido'. Datenianamente falando, estou certo, ou eu estou errado?

Sem querer ser engraçadinho, ou ironizar com a desgraça, mas é óbvio que ninguém faz reforma para dar o que é seu. Se a Reforma Agrária deve ser feita por uma classe que tem terras a perder de vista, claro que não sairá da mera boa intenção. Alguém já viu Reforma Agrária feita por sem-terra? Apenas, é bom frisar que este é o milênio da solidariedade. Ou seremos soli(D)ários, ou seremos soli(T)ários. A legião de miseráveis que nos ronda está nos enclausurando. É preciso "rurbanizar" o país, ou seja, estimular as agrovilas para desobstruir os centros urbanos, aplacar o "instinto de colméia", que faz a população se ensardinhar nas cidades. Seria o efeito inverso do êxodo rural, a reedição do "fugere urbem" que simbolizou a atitude bucólica dos poetas árcades, a fuga da agitação das cidades para a serenidade campestre e pastoril.

Sosígenes Bittencourt

Das advertências dos perigos são-joaninos

Não solte fogos de artifício.
Queimadura é o maior suplício.

Não solte fogos na cozinha.
Você pode virar cardápio.

Não solte fogos, segurando com os dedos.
Você pode perder a cabeça e os dedos.

Não aponte os fogos pra ninguém.
Isso pode gerar um debate, em júri popular,
sobre a diferença entre “culpa” e “dolo”.

Não deixe criança junto de fogueira.
Ela pode querer medir a temperatura do fogo
com a palma da mão.

Não jogue álcool na fogueira –
respeitabilíssimo suicida –
a garrafa pode explodir.

Não pule a fogueira, de nádegas sintéticas.
Você pode virar um foguete.

Não corra em chamas, pois o vento
servirá de abano. Role pelo chão,
à maneira dos desesperados.

Sosígenes Bittencourt

Riso e pouco siso

No país do auxílio-paletó, humorismo político parece manobra diversionária da dor. Há pouco, vimos o desejo de auxílio-funeral por 17 mil reais. Indagado pela televisão, um transeunte respondeu: - Se fosse para escolher quem deveria morrer agora, eu pagaria.

Ademais, em condomínios de luxo, já foi revelado que não consertam uma torneira puxando dinheiro do bolso, solicitam providências governamentais. Sabido e consabido é que o Ministério Público tem que impedir que dirigentes públicos usem o dinheiro do povo como se privado fosse. Não obstante, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal aprovou projeto do deputado (pasmem!) Paulo Maluf que propõe punição de procuradores e promotores de Justiça que entrarem com ação por improbidade administrativa e o juiz considerar que houve má-fé, perseguição política ou interesse de promoção pessoal. Cabe muito bem a reflexão de Maquiavel, face o caos em que se encontra a soberania nacional, ameaçada por criminosos d'aquém e d'além mar: "O mau exemplo dos governos termina sendo imitado pelos seus governados." É uma verdadeira esculhambação.

Fiquem com Deus!

Sosígenes Bittencourt

Fragmentos (Retrospectiva)

Há 20 anos

O alcoólatra sempre inventa um motivo para beber. Um bebeu para comemorar a resolução de ingressar no A.A.

Santo Antônio Casamenteiro é o santo protetor do casamento. Qual o santo protetor do divórcio?

O sertanejo prefere morrer de sede no sertão a pagar conta d’água na zona da mata.

No Recife, camelôs fazem rodízio nos camelódromos improvisados. Ou seja, “cooper” de tabuleiro na cabeça.

A Funai nem liga para as reclamações da tribo Pataxó Hã-hã-hãe. Nem, nem, nem.
(Junho - 1988)

Há 19 anos
Os iranianos passam 40 dias de luto, esmurrando o peito e dando tapa na cara, pela morte do aiatolá Khomeíni. Eles merecem.

O Rei do Baião perde o poder de erguer a safona para a osteoporose.

Aproxima-se o São João. É preciso espigar-se todo para enxergar uma espiga de milho. Milhas de terra dariam milho aos milhares, enquanto a fome campeia em milhões de vísceras.
(Junho - 1989)

Sosígenes Bittencourt

Viagem aos Seios de Duília

A propósito de estarmos no mês dos namorados, essa foto remetida por Marcus Prado está um espetáculo.

No e-mail, explica:

"Da série Viagem aos Seios de Duília, inspirada no famoso conto de Aníbal Machado. A foto tornou-se capa do mais recente livro de Paulo Fernando Craveiro."

Se você é ambicioso, clique sobre a foto. Parece uma duna ao crepúsculo com um pequeno vulcão em repouso.

Sosígenes Bittencourt

Manganês na Bahia e acocorados no chão.

Ultimamente, no lugar do convite para ver o que é que a baiana tem, a sedução é “o que é que a Boa Terra tem.” É que em Mapele, distrito de Simões Lopes, a 15 km de Salvador, deu manganês no chão. E nem que fosse comida, para um formigueiro humano acorrer ao local e acocorar-se para escavacar o chão. De longe, parecem homens-saúva, se lambuzando na labuta de encontrar o metal. E de tanto sonhar em transformar suas vidas, já fuxicam que há manganês nas ruas da Mandioca e Jenipapeiro. Infelizmente, Jorge, o Amado, está noutra dimensão, já nos braços de Zélia, não podendo datilografar o fato, todo de branco, com a sua vocação. Apesar de custar 70 centavos o quilo, Rosiane Pires, de 21, mulata do cabelo pixaim e nariz de porrote, morre de alegria com um pedacinho na mão: - Aqui, as pedras são maiores.
Já o pedreiro Josias Santana, de 34, reclama: - Somos pessoas excluídas.
Gente de toda a região, dia e noite, vibra a pá e a picareta à cata de manganês, preto e brilhante, para vender a sucateiro, para virar remédio, fertilizante, ou aço, conforme seja misturado ao ferro, na industrialização. O alvoroço é tão grande, que já quebraram uma tubulação, faltando água na cidade. Mas, o pânico é quando se fala na aprovação do Ministério das Minas e Energia. Coisas com o governo, o povo fica desconfiado que só. Gente do Departamento Nacional de Produção Mineral já andou por lá, tirou uma pitadinha e levou para experimentar, dizer se é jazida e quanto custa a mercadoria. Botaram até defeito, dizendo ser refugo siderúrgico descartado, abandonado no chão. Um perigo. Esmola grande, cego desconfia. Se for coisa cara e nobre, não é coisa de pobre. Aparece dono, máquinas, leis, salário mínimo e outras baboseiras burocráticas para tanger ou escravizar o povão. Tomara que não.
Sosigenes Bittencourt

Estudando Português

A vírgula não foi feita pra humilhar ninguém. Mas compromete reputações.
Ajude-me a manter o nome limpo. Diga se a pontuação desta frase respeita a honra do meu pai:
A mentira é como carvão, quando não queima, suja.
O período tem duas orações.
Uma: a mentira é como carvão.
A outra: quando não queima, suja.
A segunda explica a primeira.
O ideal, aí, é o ponto ou os dois-pontos:
A mentira é como carvão. Quando não queima, suja.
A mentira é como carvão: quando não queima, suja.

Fala, Vitória

Aglomeração e violência

A população de Vitória está sendo movida pelo "instinto de colméia" que leva a humanidade a se ensardinhar no centro das cidades. É fenômeno visto em todo o mundo e que naturalmente traça perspectivas sombrias para o futuro.
(A culpa de vendedores ambulantes nas calçadas não é deste nem daquele político de plantão, mas de todos. Dos que concederam os espaços e dos que preservam, porque temem a impopularidade.)

As pessoas temem ficar sozinhas, porque sentem solidão. Esquecem que podem estar solitárias na multidão. Por isso, abrem a porta e danam-se para o comércio. Vejo pessoas que vão para o centro da cidade coçar as intimidades e meter o pau na vida alheia; esculhambar com os políticos e arengar por causa de futebol e a história de Jesus.

Faz 20 anos que venho dizendo: Vitória vai virar uma Jaboatão... Vitória vai virar uma Jaboatão... Não deu outra. Antigamente, quando a polícia dedetizava os ratos em Recife, os sobreviventes corriam para Jaboatão; hoje, correm para Vitória de Santo Antão. Afora, os que já se criam aqui. A interiorização da violência é fenômeno que vem na esteira do tráfico de drogas, porque a educação em geral está uma droga. Costumo dizer que, nos meus idos, menino não portava arma de fogo, não pitava "cannabis sativa" nem namorava nu. Hoje, parece o samba do crioulo doido, agora animado pelo poema "Chupa que é de uva". Uma desgraça!
Sosígenes Bittencourt

Defesa do Consumidor?

Difícil é defender consumidor dentro de uma economia onde o dono da mercadoria é dono do seu preço. Controle de preço seria uma forma de estimular e apoiar a defesa do consumidor. Ademais, Celpes e Compesas da vida são a mais célebre modalidade de desrespeito ao consumidor. Certa vez, vi um cidadão que faleceu de contrariedade por causa de uma conta de luz. O chocante episódio me ensejou o histórico resumo: Tomou um choque, agarrado na conta da luz.
Como os "compesianos" ficaram enciumados, dei-lhes na papeira: Deus deu ao homem a água, e o homem deu ao homem a conta d'água.
E que tal "celulares" e "cartuchos de impressora"? É uma roubalheira mal disfarçada e impune da moléstia dos cachorros.

Sosígenes Bittencourt

"O Recife é uma favela só"

A propósito de ter ido a Recife, na semana passada, por óbvia necessidade, andei percorrendo, do Jiquiá até o Cais do Apolo, e retornando para Vitória. Imaginem o que não devo ter visto. Isso, porque passo meses sem visitar a Veneza Brasileira.
Em recente artigo publicado pelo cronista e publicitário Joca Souza Leão, sob o título “A miséria mora ao lado", lê-se:
“São mais de setecentas favelas no Grande Recife. Não há um único bairro da cidade sem favela. (...)
Os bairros de São José, Santo Antônio e do Recife são hoje favelas. (...)
Na minha infância, nos anos cinqüenta, era vizinho de uma favela, a Ilha do Chié. As pessoas viviam em mocambos de taipa, cobertos de palha. Pobres, muito pobres. Mas não miseráveis.
Demógrafos, economistas e cientistas sociais haverão de discordar. Pelas suas contas e estatísticas, houve progresso de lá pra cá. E provam. Televisores, liquidificadores e geladeiras são indicadores. Mas nada era parecido com o que se vê hoje. Não sou cientista nem preciso de números para ver que tem gente morando como rato.
Nós, os afortunados, fomos morar em edifícios e condomínios, imaginando que a miséria iria sempre morar em guetos distantes, empurrada pelas regras do capital, pela especulação imobiliária. Mas, nem sempre, de manso, ela veio se chegando, se chegando e chegou. O Recife é uma favela só."
Aliás, as meninas gêmeas que morreram envenenadas e moravam num mocambo em Ipojuca, comendo macaxeira com água, dormindo numa cama suja sobre um chão de terra, tinham uma televisão para assistir.
Sosigenes Bittencourt

Foto de Pedro Ferrer

Pedro Ferrer me enviou esta foto, por e-mail, com a seguinte explicação:
“Enviei a foto.
Caso não sirva, comunique-me.
A foto foi batida em janeiro deste ano.
Mandei esta por gostar muito do poeta
Fernando Pessoa.
Sempre às ordens,
Abraço,
Pedro Ferrer”
Pedro é um dos mais ilustres leitores desta revista eletrônica. Apesar de pertencer a tradicional família capitalista vitoriense, nunca escondeu sua vocação socialista. Talvez, por esta postura e mundividência, tenha enveredado pelo magistério. É homem despojado, sem a arrogância e vulgaridade natural aos que, bem aquinhoados, abusam e humilham dos desafortunados da sorte, pisoteados e marginalizados pelas desigualdades sociais. Nossa amizade, amanhada em esporádicos encontros, é reflexo das idéias ou cosmovisão que comungamos.
Portanto, amigos “ab imo pectore” (do imo do peito), o somos por conteúdo e não por interesses exógenos.
Forte abraço!
Sosigenes Bittencourt