A propósito de ter ido a Recife, na semana passada, por óbvia necessidade, andei percorrendo, do Jiquiá até o Cais do Apolo, e retornando para Vitória. Imaginem o que não devo ter visto. Isso, porque passo meses sem visitar a Veneza Brasileira.
Em recente artigo publicado pelo cronista e publicitário Joca Souza Leão, sob o título “A miséria mora ao lado", lê-se:
“São mais de setecentas favelas no Grande Recife. Não há um único bairro da cidade sem favela. (...)
Os bairros de São José, Santo Antônio e do Recife são hoje favelas. (...)
Na minha infância, nos anos cinqüenta, era vizinho de uma favela, a Ilha do Chié. As pessoas viviam em mocambos de taipa, cobertos de palha. Pobres, muito pobres. Mas não miseráveis.
Demógrafos, economistas e cientistas sociais haverão de discordar. Pelas suas contas e estatísticas, houve progresso de lá pra cá. E provam. Televisores, liquidificadores e geladeiras são indicadores. Mas nada era parecido com o que se vê hoje. Não sou cientista nem preciso de números para ver que tem gente morando como rato.
Nós, os afortunados, fomos morar em edifícios e condomínios, imaginando que a miséria iria sempre morar em guetos distantes, empurrada pelas regras do capital, pela especulação imobiliária. Mas, nem sempre, de manso, ela veio se chegando, se chegando e chegou. O Recife é uma favela só."
Aliás, as meninas gêmeas que morreram envenenadas e moravam num mocambo em Ipojuca, comendo macaxeira com água, dormindo numa cama suja sobre um chão de terra, tinham uma televisão para assistir.
Sosigenes Bittencourt
Em recente artigo publicado pelo cronista e publicitário Joca Souza Leão, sob o título “A miséria mora ao lado", lê-se:
“São mais de setecentas favelas no Grande Recife. Não há um único bairro da cidade sem favela. (...)
Os bairros de São José, Santo Antônio e do Recife são hoje favelas. (...)
Na minha infância, nos anos cinqüenta, era vizinho de uma favela, a Ilha do Chié. As pessoas viviam em mocambos de taipa, cobertos de palha. Pobres, muito pobres. Mas não miseráveis.
Demógrafos, economistas e cientistas sociais haverão de discordar. Pelas suas contas e estatísticas, houve progresso de lá pra cá. E provam. Televisores, liquidificadores e geladeiras são indicadores. Mas nada era parecido com o que se vê hoje. Não sou cientista nem preciso de números para ver que tem gente morando como rato.
Nós, os afortunados, fomos morar em edifícios e condomínios, imaginando que a miséria iria sempre morar em guetos distantes, empurrada pelas regras do capital, pela especulação imobiliária. Mas, nem sempre, de manso, ela veio se chegando, se chegando e chegou. O Recife é uma favela só."
Aliás, as meninas gêmeas que morreram envenenadas e moravam num mocambo em Ipojuca, comendo macaxeira com água, dormindo numa cama suja sobre um chão de terra, tinham uma televisão para assistir.
Sosigenes Bittencourt
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