Aqui de onde estamos, podemos dizer que Honduras é um país que fica ali pra cima, no centro das Américas, como quem vai para os Estados Unidos. Na região, a bagunça sempre ficou por conta da Nicarágua e El Salvador, que viveram dando tiro e inalando fuligem de guerrilhas intestinas. O mundo anda de olho em Honduras, por causa de um golpe militar que puxou o presidente Manuel Zelaya pela beca, deu-lhe um pontapé no sedenho, que ele foi cair no quintal da embaixada brasileira em Tegucigalpa. Golpes militares têm uma característica. Sempre se apresentam em nome da preservação da soberania nacional e da democracia, embora o povo termine de castigo, acocorado atrás da porta, vendo a rua pelo buraquinho da fechadura. Manuel Zelaya, de chapelão e bigode, é acusado de procurar convencer o povo a aceitar uma revisão constitucional para se perpetuar no poder, o que também parece expediente de quem ajeita os punhos para ser ditador. Honduras vive mesmo duras horas de ditaduras. O presidente interino, Roberto Micheletti, quer que a embaixada brasileira bote Zelaya da porta pra fora, a fim de julgá-lo, porque ele andou namorando com Hugo Chávez. O povo hondurenho, que vive de vender banana, camarão e café, está numa sinuca de bico, entre a cruz e a espada. Ameaçado por um presidente considerado boçal e mal-intencionado, e um golpe militar que manda todo mundo ficar calado em nome da liberdade.
Sosígenes Bittencourt
No comments:
Post a Comment