
A vida não é uma pergunta a ser respondida,
é um mistério a ser vivido.
Buda
MORTE DE SUELMA
Quando eu fui dado à luz, em 1955, o Sport Club do Recife, que havia sido fundado em 1905, estava completando o seu cinquentenário. O presidente era Adelmar da Costa Carvalho, e o time foi campeão com a seguinte escalação, que aprendi a recitar assim que comecei a falar: Osvaldo, Bria, Pedro Matos, Osvaldinho, Ely e Pinheirense; Traçaia, Naninho, Gringo, Soca e Géo. A defesa era uma muralha e o ataque fulminantíssimo. Aí, no ano seguinte, em 1956, eu já com um ano de idade, ouvi o barulho do bicampeonato. Estava decretada minha rubro-negritude. Uma das imagens que jamais me sairá da cabeça é a de minha avó paterna, dona Celina Bittencourt, que tomava banho, penteava os cabelos e botava perfume, para ouvir o jogo pelo rádio. Portanto, considero-me um leonino embrionário.
Diz que quem gosta de conversa é pai de moça, e quem engole corda é cacimbão. Mas, no patropi, prometer é como pedir, não paga nem gera obrigação. Corre uma filosofia de que mulher, a gente canta todas porque uma cai. É a mesma teoria do aventureiro, cuja importância não são os meios, mas no fim. Tudo isso faz parte do safadinho jeitinho nacional. Já vi uma alminha dizer que nascer pobre é destino, morrer pobre é displicência. Para político brasileiro, promessa nunca foi dívida. Senão, o país seria um paraíso. Também, ninguém é obrigado a cumprir promessa, praticar teoria.
Você viu um OVNI por aí?
Agora, sim. Marcelinho Paraíba entrosado, Dairo e Elton de frente, para delírio da galera leonina. Esse é um namoro que deu certo. Marcelinho Paraíba, além de maestro da vitória, deve dar uma melhorada no salário de Ciro. Na fotinha, Ciro aponta o dedinho para o calmo e implacável armador, como quem, humildemente, diz: "Esse é o Cara!". Ou seja, é o que eu precisava para comer a bola. Porque a refeição servida engordou-lhe a artilharia. Agora, o "chorão" é simplesmente o artilheiro do Campeonato. Abriu o placar e fechou as cortinas do espetáculo. Enfim, o Sport, em linguagem pernambuquês, tava com a bobônica, nem a Besta Fubana aguentava, quanto mais o São Caetano. Apenas, uma advertência: é preciso puxar as orelhas de Da Silva. O mulato tá danado quebrando o pau. Já tomou um vermelho e provocou um pênalti, ontem, de corar a torcida de raiva. Garra, no Leão, não é sinônimo de confusão. É preciso domar o gênio. Ser genial, não genista. Coincidentemente, um trabalho para Geninho. No mais, palmas pra Germano, que entrou no balé, e Magrão, nosso homem borracha, sempre se esticando e voando que nem um herói de revista em quadrinhos.
Eu não costumo botar culpa de fracasso de equipe em treinador, mas ontem Geninho foi culpado pela medíocre exibição do Sport em Bragança Paulista. Primeiro, escalou Marcelinho Paraíba desentrosado e deixou Elton no banco, que foi o homem que confeccionou a revirada do Sport contra o Figueirense no último jogo. Colocou Eduardo Ramos, com problemas psicológicos, e deixou Dairo na sombra. Viu Mateus pecar biblicamente e botou Zé Antônio depois que Eduardo Ratinho já havia roído nossa paciência. Não fosse Magrão, teríamos amargado uma derrota, diante de um time sem torcida, desanimado e cheio de perna de pau. Se o Sport tem entrado em campo, com o time que terminou a partida, com certeza teria faturado 3 preciosos pontinhos fora de casa.
Estão ameaçando combater corrupção eleitoral. Tudo balela. Corrupção, em política, é como prostituição. Quando um quer comprar e o outro quer se vender, o negócio está fechado. Para que é que serve telefone celular e motoboy? Depois do acerto pelo celular, é só mandar um moleque lá. Aliás, são três coisas que não se faz sem dinheiro: política, futebol e prostituição. Se você não remunerar a prostituta direitinho, ela não faz nada que preste. No futedólar ou dolarbol, não é diferente, jogador com salário atrasado faz caldeirão. Se político não tiver uns milhõezinhos, ninguém quer conversa. Eleição tornou-se o único momento em que o povo vê a cor do seu dinheirinho, retornando em cesta básica, santinho, milheiro de tijolo, remedinho, papel de luz, Saia Rodada e Garota Safada.
Ultimamente, ando falando muito sobre o tratamento que dispensamos aos nossos animais, o que tem gerado alguns comentários neste lido e badalado blog. Aí, de repente, estou almoçando, nesta monótona terça-feira, quando o meu pai entra na cozinha, todo importante, com o jornal estendido, exibindo a seguinte matéria. Observem o que publicou, há 50 anos, o Jornal do Commercio sobre fato ocorrido na cidade de Aracati, em Fortaleza.
Antigamente, safadeza ficava entre dois. As mulheres negavam de pés juntos que haviam se deixado bolinar. Imagine se desse com os burros n'água. Pai de moça esfolava quem botasse o dedo em sua menina. Lembro-me de um gaiato que mexeu com uma sertaneja, e o pai mandou buscá-lo no Recife. O sujeito estava na Praça Maciel Pinheiro, de cara pra cima, como se nunca tivesse feito nada. Saltaram dois jagunços de um Fusca e o abordaram:
Este é o retrato do cotidiano de muitas cidades brasileiras. Dizem que, em Caruaru, vão sacrificar animais capturados pela carrocinha. A medida contraria a natureza. É crime consumado. O que farão, então, com os donos dos animais recolhidos? Aliás, cavalos, bois, porcos e cães circulam pelas ruas de Vitória de Santo Antão, como se não tivessem donos, ou seja, no abandono. Eu aconselharia duas carrocinhas, uma para os quadrúpedes e outra para os "irracionais". Os bichos fuçam o lixo, atravessam na frente dos automóveis, botam pânico nos zoófobos, mas não têm culpa do que fazem. Por isso, não acho legal sacrificá-los, acharia mais racional punir os seus proprietários. 
Sempre que há show do menino de Cachoeiro de Itapemirim, em Recife, os "robertófilos" me convidam para ir assistir. É provável que os para lá de 50 anos, já na contagem regressiva para a derradeira viagem, depositem algumas lágrimas na atmosfera do espetáculo. Os "robertófilos" mais emocionais chegam a me dizer que pode ser a última chance de vê-lo. Duvido sempre. Roberto Carlos é um ariano de 19 de abril de 1941. Anda pelas 69 primaveras e está mais para matar de emoção do que morrer de tantas emoções. Costumo dizer que se um dia eu for atacado de amnésia, ponham Roberto Carlos pra cantar, e eu recobrarei a memória. O êxtase vai ser no Chevrolet Hall, nos dias 10 e 11 de Setembro. Os ingressos já estão à venda, são meio salgados, mas o valor sentimental da festa não tem preço. Como os microfones das Rádios vitorienses me são franqueados, não abro a boca, me aparece uma entrada. Vou consultar o cardiologista.