O cigarro é um ansiolítico e, como tal, acalma e inspira.
Tudo que retira você de uma ansiedade, instala uma paz, um sossego inspirador. Eu
fui fumante e conheço esses efeitos e artimanhas do tabaco, cujo bem-estar que
promove estipula cobrança onerosíssima. Sobretudo quando, ele próprio, produz
ansiedade, num covarde efeito cíclico.
Contudo, deixei a "Chupeta do Satanás" para não morrer de falta de ar. Provavelmente, um médico me convenceu, quando o procurei para me socorrer de uma dispneia.
Morrer é melhor do que falta de ar. Morrer é uma vez,
falta de ar é morrendo, é o gerúndio da morte. É como se você morresse várias
vezes.
Um dia, um aluno me perguntou: - Professor, o senhor tem
medo da morte?
Ao que respondi: - Não, meu filho, tenho medo de falta
de ar.
Sosígenes Bittencourt
2 comments:
As pessoas não largam vício por identificação de causa, largam por avaliação de consequência. Eu não sabia por que fumava, mas sei por que deixei.
Ainda ontem, um cidadão fumava próximo a mim, e me perguntava: - Posso fumar?
E eu respondi: - Eu não posso protegê-lo de si mesmo, portanto você tem o direito de se matar, não existe punição legal para tentativa de suicídio, existe internamento hospitalar para crise paroxística de falta de ar. E lembre-se, a ansiedade que o cigarro supostamente alivia, ele mesmo, num covarde efeito cíclico, reinstala.
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