Brincar com a morte foi o brasileiro Marco Archer
Cardoso Moreira. No lugar de traficar cocaína no Rio de Janeiro, a Cidade
Maravilhosa, foi negociar o alcaloide diluído em querosene logo na Indonésia.
Marco Archer não parecia doido, era boa pinta, mas devia
ter distúrbio psiquiátrico, devia ser meio biruta.
Nem aquele matuto baiano foi tão maluco. Quando chegou
com a mulher em São Paulo e viu a polícia espancando um traficante, falou para
a mulher – Fulana, vamos voltar para nossa terra. Esse cara está apanhando porque
levava crack na calça, imagine se a polícia souber que a gente cheira.
Marco sabia que, na Indonésia, é proibido mexer com
droga, e a teimosia poderia render um fuzilamento. Matar um desobediente civil na
Indonésia é tão trivial quanto escalpelar uma galinha. Portanto, Marco não
poderia imaginar que iria implantar um novo hábito na Indonésia e sair
palitando os dentes. Quer dizer, pedido de clemência, seria praticamente
inútil, deixando seu Marco obviamente assombrado com a decisão judicial que o
fuzilou, na semana passada, quando poderia estar, aqui, brincando Carnaval.
Não sei se atenderam, mas Marco pediu aos seus carrascos
uma garrafa de whisky. Ele sabia que whisky fazia mal, mas não estava mais preocupado
com os efeitos danosos do álcool. Desde 2004, embriagado de medo, naturalmente
quis se alcoolizar para tentar mudar de sentimento. Talvez, ficasse eufórico
com a própria morte e não sofresse tanto nos derradeiros momentos da grande
bobagem que foi sua vida.
O filósofo francês Michel Foucault, que faleceu em 1984,
chegou à conclusão de que ”O mundo é um grande hospício”. Ora, se Marco não
tinha juízo, o que dizer daqueles que o fuzilaram. Marco foi fuzilado num
terreno baldio, com um tiro de fuzil no peito, de olhos vendados e pés
amarrados. Depois, agonizou 10 minutos e foi incendiado sobre uma folha de
bananeira. Como todos os ossos não foram carbonizados, o verdugo quebrou-lhe a
carcaça com um toro de pau.
Sosígenes
Bittencourt
No comments:
Post a Comment