(O verbo "SUICIDAR-SE"
é um PLEONASMO?)
O verbo "suicidar-se"
vem do latim sui ("a si" = pronome reflexivo) + cida (= que mata).
Isso significa que "suicidar" já é "matar a si mesmo".
Dispensaria, dessa forma, a repetição causada pelo uso do pronome reflexivo
"SE". Ou seja, “ele suicidou” em vez de “ele SE suicidou”.
É importante lembrar que as
palavras terminadas pelo elemento latino "cida" apresentam essa ideia
de "matar":
formicida - que mata formiga;
inseticida - que mata inseto;
homicida - que mata homem.
Voltando ao verbo
"suicidar-se", se observarmos o uso contemporâneo deste verbo, não
restará dúvida: ninguém diz "ele suicida" ou "eles
suicidaram". O uso do pronome reflexivo "se" junto ao verbo está
mais que consagrado em nosso idioma. É, na verdade, um PLEONASMO IRREVERSÍVEL.
Numa história que é contada pelo
grande ator, compositor, escritor e poeta Mário Lago, do seu livro 16 Linhas
Gravadas, entre outras histórias, encontra-se a do professor de Português que
se mata ao descobrir a traição de sua amada esposa Adélia. Deixou escrito na
sua mensagem de despedida: "ADÉLIA SUICIDOU-ME".
Sosígenes Bittencourt
1 comment:
Eu inventei o verbo "morrer-me", pessoal, intransferível e indicionarizável. É que, vez por outra, inventam que eu morri. Quer dizer, ninguém me mata, mas deseja e, com veemência, divulga. Logo, ninguém me mata, mas "me morre". Ou seja, "alguém morre (eu) - de transitividade direta e macabro significado. Fúnebre abraço!
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