Tuesday, January 13, 2015

ESTUDANDO PORTUGUÊS



(O verbo "SUICIDAR-SE" é um PLEONASMO?)



O verbo "suicidar-se" vem do latim sui ("a si" = pronome reflexivo) + cida (= que mata). Isso significa que "suicidar" já é "matar a si mesmo". Dispensaria, dessa forma, a repetição causada pelo uso do pronome reflexivo "SE". Ou seja, “ele suicidou” em vez de “ele SE suicidou”.



É importante lembrar que as palavras terminadas pelo elemento latino "cida" apresentam essa ideia de "matar":

formicida - que mata formiga;

inseticida - que mata inseto;

homicida - que mata homem.



Voltando ao verbo "suicidar-se", se observarmos o uso contemporâneo deste verbo, não restará dúvida: ninguém diz "ele suicida" ou "eles suicidaram". O uso do pronome reflexivo "se" junto ao verbo está mais que consagrado em nosso idioma. É, na verdade, um PLEONASMO IRREVERSÍVEL.



Numa história que é contada pelo grande ator, compositor, escritor e poeta Mário Lago, do seu livro 16 Linhas Gravadas, entre outras histórias, encontra-se a do professor de Português que se mata ao descobrir a traição de sua amada esposa Adélia. Deixou escrito na sua mensagem de despedida: "ADÉLIA SUICIDOU-ME".

Sosígenes Bittencourt


1 comment:

Sosígenes Bittencourt said...

Eu inventei o verbo "morrer-me", pessoal, intransferível e indicionarizável. É que, vez por outra, inventam que eu morri. Quer dizer, ninguém me mata, mas deseja e, com veemência, divulga. Logo, ninguém me mata, mas "me morre". Ou seja, "alguém morre (eu) - de transitividade direta e macabro significado. Fúnebre abraço!