HOMENAGEM AO PROFESSOR ADÃO BARNABÉ
Esta semana, recebi honroso convite para assistir a Recital em
homenagem ao meu ex-professor de inglês Adão Barnabé na Academia de Letras,
Ciências e Artes da cidade. Infelizmente, não pude me fazer presente, uma vez
acometido de dengue, este mal nosso de cada dia, protagonizado pelo “odioso do
Egito”.
O convite veio-me pela destra do seu filho mais novo, Paulo Barnabé.
Obsequioso, à minha porta, à Hora do Ângelus.
Adão era casado, salvo engano, com dona Matilde e residia à rua Melo
Verçosa, ao lado da casa onde morou Dr. Laércio, depois o comerciante José de
Lemos, hoje Pronto Socorro da Vitória. Deu-se na década de 60.
Eu também morava no mesmo endereço, apelidado de Rua do Colégio das
Freiras. Eu era aluno de Adão Barnabé, no Colégio Municipal 3 de Agosto, e o
encontrava logo cedinho, comprando pão na venda de Valfrido Ferreira Chaves,
popularmente conhecido como Fiduca, recentemente falecido aos cem anos de
existência.
Ademais, o que me lembra Adão são suas aulas de Inglês no primeiro
andar do Colégio Municipal à Praça Leão Coroado. Minha memória olfativa
reproduz o cheiro do Café São Miguel, e a auditiva, o apito do trem.
Adão era um homem de estatura mediana, magro, desdentado, andar
claudicante e gostava de bebericar aguardente. Empunhava um apontador e impunha
respeito. Não me recorda uma brincadeira. O livro era Quick and Easy, se não me
esqueço, da pianista e professora Cordélia Canabrava Arruda. Até poucas
décadas, eu recitava a lição The Old Cat (O Velho Gato) da inicial maiúscula ao
ponto final. Não obstante, me recorda um trechinho, referente ao gato, que
dizia assim: it could not bite and it could not run quicly because very old
(Ele não podia morder e não podia correr porque estava muito velho). Referia-se
ao gato, talvez, em relação ao rato.
Conta-me Paulo que Adão falecera em 1969, ano anterior ao seu
nascimento, dele Paulo, que veio à luz em 1970.
O enterro do lente saiu da rua Capitão Mateus Ricardo, lamuriado por
amigos e alunos, pervagando ao Cemitério São Sebastião.
Ainda agora, Requiescat in Pace
Sosígenes Bittencourt
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