Wednesday, May 07, 2008

Para sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora ?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia ?
Fosse eu rei do mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

5 comments:

Unknown said...

Mãe que dá à luz
Mãe que amamenta
E no seu abraço me acalenta.

Mãe, é sem dúvida, insuflação divina!

Dora

Anonymous said...

Este poema do ilustríssimo Drummond me fez lembra minha avó, a qual eu chamava de mãezinha, falecida há dois meses.

Sosígenes Bittencourt said...

Vivi minha infância mimado, ora em casa, ora na casa de minha avó paterna. A figura feminina de mãe, protetora, tem relevo em minha vida. Por isso, tive receio de me casar, de ser maltratado.
Sou um animal em extinção, que abre livro para alisar sua pele e inalar o aroma de suas pétalas. Tudo influência da organização e paz dos meus dias de criança.

Unknown said...

Como diz Drumom filho pra gente nunca crese é sempre pequenino como um grão de milho. E nosss mães não deveriam morrer deveria ser eternas.

Sosígenes Bittencourt said...

O pior da morte é essa sensação de que a vida não vale nada. Contudo, caminhemos lado a lado, seguindo as palavras do poeta Paul Éluard: Estando juntos e de mãos dadas, qualquer lugar é para nós um lar.
Forte abraço!