Wednesday, September 30, 2009

E por falar em poesia

Inventei de colocar no Quadro de Frases o poeta mineiro de Itabira do Mato Dentro, Carlos Drummond de Andrade, com seu célebre verso: "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo", e dois comentaristas deste blog me saíram com comentários sobre Vinícius de Moraes. Dryton Bandeira me lembrou o aniversário de Vinícius, agora em outubro, chamando-o carinhosamente de "Vininha". Deve ter lido o Caderno C do Diario de Pernambuco, deste domingo, que veio com comentários acerca do poetinha bom de papo. E Eridelson José, que aparece com o pseudônimo de Maluco Consciente, fez gracinha: Se eu tivesse muitos vícios, o meu nome era Vinícius; se esses vícios fossem muito imorais, o meu nome era Vinícius de Moraes. Aí, eu respondi que Vinícius trocou o paletó por um velho calção de banho, o café pelo whisky, o consulado pela praia, a advocacia pela poesia, um casamento por outro, e morreu namorando a vida.
Forte abraço!
Sosígenes Bittencourt

Tuesday, September 29, 2009

Educação na Coréia do Sul

Os melhores alunos do mundo. Não são superdotados. Deram a sorte de estar na melhor escola do país que tem o melhor ensino básico do planeta.
Veja o que faz diferença:
Na sala de aula, tudo o que é preciso para educar com motivação.
São oito horas por dia na escola. Estressante? Não, é divertido, dizem eles.
Todos têm notas acima de oito. O segredo é nunca permitir que o aluno passe um dia sem entender a lição, diz a professora, que ganha o equivalente a R$ 10,5 mil por mês.
É a média na Coréia, onde os professores precisam ter curso superior e são atualizados e avaliados a cada dois anos. Se o aluno não aprende, o professor é reprovado.
Tudo isso num país que nos anos 50 estava destruído por uma guerra civil que dividiu a Coréia ao meio, deixou um milhão de mortos e a maior parte da população na miséria. Um em cada três coreanos era analfabeto. Hoje, oito em cada dez chegam à universidade.
A virada começou com uma lei que tornou o ensino básico prioridade. Os recursos foram concentrados nos primeiros oito anos de estudo, tornados obrigatórios e gratuitos, como são até hoje. O ensino médio tem 50% de escolas privadas e as faculdades são todas pagas, mesmo as públicas. Bons alunos têm bolsa de estudos e o governo incentiva pesquisas estratégicas. O fato é que logo depois da reforma da Educação, a Economia da Coréia começou a crescer rápido, em média 9% ao ano durante mais de três décadas. E hoje, graças à multidão de cientistas que o país forma todos os anos, a Coréia está pronta para entrar no primeiro mundo, tendo como cartão de visitas uma incrível capacidade de inovação tecnológica. Desde a área de computação até na genética.

(Fonte: jornalnacional.globo.com)

Saturday, September 26, 2009

Quadro de Frases


Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo.
Carlos Drummond de Andrade

Thursday, September 24, 2009

Falecimento de Dona Ivone

Faleceu dona Ivone, viúva do meu tio Sócrates, conhecido como seu Tuxa.
Quando falecem pessoas tão simples, tão despojadas de vaidade e ambição, como dona Ivone, sentimos um óbvio e natural desgosto da morte. Dona Ivone não fez nada na vida para morrer, era sem vícios, temente a Deus e amava a família. Sequer usufruiu os prazeres transitórios da vida que implicam em comprometimento da saúde física e mental. A facilidade com que sorria era oriunda da surpresa com a insensatez do dia a dia. Porque tinha moral, se surpreendia com a imoralidade; porque preservava a saúde, se surpreendia com os que se afogavam nos vícios; porque era comedida e econômica, se surpreendia com os que esbanjavam. Por isso, sorria, mesmo no sofrimento, porque nunca entendia como as pessoas mais normais, mais inteligentes, mais esclarecidas podiam cometer tantos absurdos, sem conseguir entender as coisas mais simples.
O falecimento de dona Ivone parece uma injustiça da morte, como se um adulto maltratasse uma criança. Nós sempre a relembraremos, exatamente pela simplicidade como levou a vida, o que é tão difícil para nós. Nasceu num dia como este, cumpriu com suas obrigações sem vaidade, amou incondicionalmente, abismou-se com as contradições da vida e faleceu, num dia como este, sem questionamentos metafísicos. Simplesmente faleceu, deixando-nos inconformados e desgostosos com a morte.
Até mais, Ivone, talvez nos encontremos lá aonde fostes, talvez precisemos de teus ensinamentos, tão desacostumados com a morte.
Sosígenes Bittencourt

Wednesday, September 23, 2009

Analfabetismo e violência

Eu nem sei por onde anda aquela minha ex-aluna que, quando eu perguntei numa prova: Qual o sujeito da seguinte oração? Fernando Henrique Cardoso é o presidente do Brasil; ela num instante me respondeu: Sujeito mentiroso.
Havia uma que, sempre que me via caminhando pelo corredor da escola, comentava: - Todo mundo adoece, menos esse professor. Todo dia tá aqui, velho, é um saco, com essa história de mandar a gente ler em voz alta e fazer ditado, ôxe!...
Sabe qual o resultado desse desinteresse pelo estudo, que assola o país? O IBGE divulgou que, de 2007 para 2008, o analfabetismo no Brasil praticamente não caiu. E a culpa vai, desde a educação famíliar ao sistema de ensino. Vale salientar que o analfabetismo, hoje, promove mais estrago do que antigamente. Porque o analfabeto tinha educação doméstica. Criança não fumava maconha, não portava arma de fogo nem namorava nu. É por isso que nossos índices de violência estão cada vez mais assustadores. Não sei se estou sendo retrógrado, mas quando a educação era mais rígida e criança obedecia na marra, o povo vivia mais sossegado.
Só para ilustrar, observemos o exemplo da Coréia do Sul. Nos anos 50, o país só tinha escombros e fumaça, arrasado por uma guerra civil que deixou um milhão de mortos e mais de 50% da população na miséria. Um em cada três coreanos era analfabeto. Hoje, oito em cada dez chegam à universidade. Isto porque investiram tudo que restou da velha Coréia em Educação.
Sosígenes Bittencourt

Tuesday, September 22, 2009

A poesia é essencial

INDESCRITÍVEL

O que sinto
está na música
a exalar por onde passo,

está no poema de muitos,
nos versos de estranhos
e nos meus
(desconhecidos cúmplices que somos,
contamos o que explode).

O que sinto percorre a casa,
a rua, o mundo inteiro,
está dentro e fora,
está na cara,
mas você não vê.

O que sinto
tem cheiro de flor e dor,
indescritível amor.

Sumaya Bittencourt
(Sumaya é estudante de Psicologia

e minha irmã)

Taís Araújo

Esta é a insuportavelmente paquerável, enamorável e chamegável Taís Araújo. Um verdadeiro desafio para o marido-ferrolho, aquele que não troca sua mulher por outra nem a pau. Encarnando a personagem Helena, na novela de Manoel Carlos, VIVER A VIDA, é cópia fiel do que acontece no dia a dia, já provocando amargas recordações, desconfiança e imitação entre os telespectadores do Brasil.
Sosígenes Bittencourt

Monday, September 21, 2009

Reflexão na Feira Livre

Sábado, precisei ir ao comércio e tive que passar pela Feira Livre da cidade. Ao caminhar por entre as barracas, pelos labirintos de bugigangas, hortifrutigranjeiros e tarimbas de carne, senti uma sensação alarmante de subdesenvolvimento e desassistência. A feira é a mesminha da década de 60. Observe que são décadas de discursos políticos de almas que se perpetuaram, enricaram e morreram no poder. Afora a onda de emoções, registrada pela memória, o resto é atraso. As barracas desalinhadas, pessoas se acotovelando em marcha funeral, carros de mão atropelando as canelas, murmúrios, fuxicos, risadagens, gritos de preços e pechincha. Como vai tua mãe? O teu avô ainda é vivo? De quem é esse menino? Fulana casou?
Na ladeira do abacaxi, um cidadão gritava, podando a barbatana da fruta com a faca-peixeira: - Bora, bora, bora, compra, compra, que eu tô doido pra ir pra casa!
O teatro é medieval, na era do chip, da cibernética, no milênio do Saber e da Comunicação.
Forte abraço!
Sosígenes Bittencourt

Saturday, September 19, 2009

Café e liberdade


Internet pública em Pequim: hackers oficiais para invadir sites indesejados
Ditaduras do Irã e da China não conseguem conter a revolução silenciosa dos cibercafés.
No fim da década de 80, quando a internet ainda engatinhava, o presidente americano Ronald Reagan previu que o chip seria um Davi capaz de derrotar o Golias do totalitarismo. O prognóstico mostrou-se acurado. Com um computador e uma linha telefônica, qualquer pessoa é livre para se informar e discutir os problemas de seu país, por mais fechado que seja seu regime. Talvez o exemplo mais notável seja o Irã, país submetido a um código de conduta medieval por uma ditadura religiosa. Os mais de 1.000 cibercafés de Teerã, a capital iraniana, transformaram-se nos quartéis-generais de um revolução silenciosa que desafia o regime. Os blogs – diários eletrônicos da rede – viraram mania nacional e as salas virtuais de bate-papo vivem repletas de iranianos trocando informações e paquerando longe dos olhos dos religiosos xiitas.
Antes de o primeiro cibercafé ser inaugurado, em 1998, o número de iranianos com acesso à internet não passava de 2.000. Hoje são 4 milhões, a grande maioria freqüentadores dos cibercafés.
(VEJA - 06/04/2005)

Wednesday, September 16, 2009

Estupro por presunção e lágrimas

Na delegacia, um precipitado preso e uma púbere, de 13 anos, num chororô danado. Foi denúncia da mãe. Orientada, revelou que a menina não tinha escolha, ele é que deveria ter se controlado. O namorado da vítima jurou eterno amor e confessou que ela o enganara, dizendo ter 16 primaveras. Praticamente dá no mesmo. A garota, soluçando de saudade, também revelou o seu amor, dizendo que deu com os burros n'água por gosto e vontade, e que jamais deixaria de amá-lo. O rapaz foi para o COTEL (Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna), e a menina foi para casa, revoltada com tanta injustiça e doida para cometer concurso carnal novamente. Agora é esperar durante 5 anos, que intere 18 aninhos, para voltar a namorar com o seu estuprador de estimação. Haja paciência. Coitados, quanta saudade. Que nesse ínterim, não cometam traição, provando a Deus e ao mundo que se amam de verdade.
São essas novelas, incendiando a gurizada de hormônios, esses conjuntos de forró eletrônico saracoteando a genitália. Haja penitenciária e lágrimas.
Sosígenes Bittencourt

Monday, September 14, 2009

Resenha Esportiva

Eu continuo indagando: não sei por que as torcidas do Náutico e Sport se insultam ou se grelham tanto? Ambos esperneando, ora à margem, ora na zona de rebaixamento, com a bundinha encostada na parede. De repente, sofrem daquele antigo complexo de inferioridade, não podendo ver o emblema de uma equipe do Sul. O Sport quando viu o Flamengo, no Rio, parecia que jamais havia ganho do adversário. Não dá combate no meio de campo, recua, para jogar na cabeça da área. Não fosse Magrão, que pegou umas bolinhas espíritas, teríamos amargado uma goleada histórica. No primeiro gol do Flamengo, Adriano aprumou-se todinho, na frente de 3 otários do Sport, para mandar a bola enguiçando a defesa, na forquilha. Foi uma verdadeira desgraça. Era preciso que o Sport tivesse 5 Arces na frente para empurrar o Flamengo para trás.
Já o Náutico é aquele time voluntarioso, mas correndo desordenado. Pegou um Grêmio tarimbado, que logo sentiu sua fragilidade, meteu dois gols e tchau pro louro. O alvirrubro parece estar sofrendo da Síndrome de Gilmar, o Gilmarismo. Depois que Gilmar foi embora, foi-se o Náutico com ele. Portanto, internautas que ora leem o signatário que vos redige, a mim me parece que nossas equipes estão caprichando para cair de divisão. O pesadelo é saber que é mais difícil subir do que se manter na Primeira Divisão.
Forte abraço!
Sosígenes Bittencourt

Sunday, September 13, 2009

Virgem

Sexto signo astrológico do zodíaco, associado à constelação de Virgo.
Seu símbolo é uma virgem. Forma com Touro e Capricórnio a triplicidade dos signos da Terra. Com pequenas variações nas datas dependendo do ano, os virginianos são as pessoas nascidas entre 23 de agosto e 22 de setembro.
Palavras chaves que definem o Virginiano: Pureza, Analítico, Abnegado, Crítico, Cinismo, Medo de Doenças.
Signo do Elemento Terra. Este é o Elemento da concretização, da tomada de forma, da densidade e peso. Ele dá uma estrutura concreta a todas as coisas, confere solidez e substância quando moderado. Mas é também o Elemento que prende, rigidifica e limita quando excessivo.
Nos signos do elemento Terra, a expressão da identidade assume um caráter mais reservado e contido, tornando-se funcional e pragmática.
Sol em Virgem: "Sou o que analiso e purifico". O indivíduo conhece-se pela sua capacidade de análise detalhada e funcional. Arrisca-se a cair num excesso de criticismo e em perfeccionismos descabidos.
Aprendem com facilidade. Vivem à procura da evolução do próprio intelecto. Alertas, agudas, em matéria de negócios. Normalmente têm bom domínio da linguagem, falando e escrevendo bem. Adoram a riqueza, abundância e a cultura. Não são hábeis para economizar dinheiro.
Nascidos sob o signo de Virgem: NELSON RODRIGUES, RITA PAVONE, ACELINO FREITAS (POPÓ), PAULO COELHO, TARSILA DO AMARAL, GUSTAVO KÜERTEN, BOCAGE, AGATHA CHRISTIE, GÖETHE, MICHAEL JACKSON.

Fala, Vitória

Ainda sobre postagem em Comunidade no Orkut sobre figuras lendárias de Vitória-PE
Há outras figuras lendárias e bizarras das quais tive notícias e algumas conheci. Espero que alguém relembre MÃO DE ONÇA, CAFINFIM, PAPA-RAMA, DIDI DA BICICLETA e BIU LAXIXA.
Mané Capão, sem menosprezo ao animal, era todinho um macaco. Haja vista que andava de pernas arqueadas, pendendo para os lados, erguendo a cabeça e fazendo bico com a beiçola. Às vaias e insultos que recebia, respondia na pedrada. Não é preciso dizer que lascou cabeça de gente, estilhaçou vidraças e botou muito sujeito pra correr. Recordemo-lo. Penso que quem o insultava era pior do que ele. Mão de Onça nunca deu um soco num atrevido para não vê-lo estatelado no chão. Papa-rama brigava com 4, na braçada. Parecia um viking. Didi da Bicicleta tinha o corpo fechado, porque a caixa dos peitos era rendada de tiros, sem ter baixado à sepultura. Cafinfim dava óleo queimado para os presos beberem, e Biu Laxixa era tão doido, que quando corria na frente ninguém corria atrás. E ainda tinha Ferro, um negão que dava beliscão em menino.
Forte abraço!
Sosígenes Bittencourt

Tuesday, September 08, 2009

Com o medo na alma

Não deve ter sido fácil para os algozes do casal Villela arquitetar o seu assassinato. O advogado e ex-ministro José Guilherme Villela morava em Brasília debaixo do mais absoluto aparato de segurança. Principalmente porque não era uma pessoa comum, tendo sido inclusive advogado do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Pela crueldade como foram assassinados o ex-ministro, sua esposa e a governanta do casal, tudo leva a crer em homicídio encomendado. Para se ter uma idéia, os três receberam 72 facadas no teatro do hediondo homicídio.
A reflexão apavorante que fica é a seguinte: que dificuldade encontraria um inimigo que nos quisesse matar, para nos tirar a vida? Nós que dispomos, em relação à vítima, dos mais simples recursos de segurança, como um guarda-noturno, um cadeado na grade, ou uma trave atrás da porta. Por isso, não me surpreende que um açougueiro tenha esfaqueado duas mulheres em São Paulo por causa de um pisão no pé, levando uma à morte. Enfim, coitados de todos nós, carregando o medo no fundo da alma.
Antigamente, quando uma autoridade vinha pela calçada, as pessoas se curvavam e lhe tomavam a bênção. Hoje, empurram a porta do seu apartamento com os pés e o esfaqueiam até a morte, como abatessem um meliante numa ponta de rua. Parece que os juízes, os advogados, as autoridades em geral perderam o respeito do povo. Talvez, porque condenem ladrões de pote de manteiga e absolvam construtores de castelos com o dinheiro público. Aliás, às vezes, dá medo até comentar certas coisas, pois há bajuladores e criminosos em toda parte. Principalmente, depois que fomos proibidos de andar armado, e os meliantes vão à feira do troca-troca, sem serem incomodados. Valha-nos, Deus!
Sosígenes Bittencourt

Sunday, September 06, 2009

Brasil 3, Argentina 1

Não é todo dia que a gente amanhece rindo de morder as orelhas, como hoje. A Argentina bem que poderia ter sido mais humilde e cautelosa, tentando tapear o Brasil, jogando com menos perversidade e arrogância. Sabia que teria de vencer a partida, porque sua pontuação corre risco nas Eliminatórias, quando o Brasil já estava praticamente classificado. O que fez? No lugar de jogar futebol, partiu para a briga. Resultado: o Brasil comprou a confusão e passou a se aplicar na defesa e nos contra-ataques. Como a Argentina nunca esteve tão mal em competições, o Brasil aplicou-lhe um 3 a 1, sem muito espalhafato, com a bola rolando, firulas e muita técnica. O gol que Luis Fabiano confeccionou, dando um totozinho sobre o goleiro argentino, depois de receber milimetricamente do bailarino Kaká, foi um verdadeiro espetáculo. De animar um doente terminal. Sei não, viu, mas los hermanos devem estar putos da vida. Principalmente, porque o vareio de bola foi em Rosário, ao coro de mil brasileiros, se amostrando lá no cantinho do estádio.
Tenham todos um bom domingo, boa sorte e aquele abraço!
Sosígenes Bittencourt

Thursday, September 03, 2009

A difícil morte de Michael Jackson

Morrer é fácil para qualquer um. Morrer é verbo intransitivo. Basta uma expiração, a descrição da causa mortis, um anúncio em carro de propaganda, e lá se vai o corpo do falecido, a bordo de um caixão, rumo à derradeira e definitiva morada. Foi assim com todos e será assim com todos nós. Menos com Michael Jackson. Como é difícil a morte de Michael Jackson... A imaginação não consente, os retratos andam como gente, seus olhos parecem falar. Seu corpo desaparece e reaparece, sem que ninguém possa contemplar. Entra por um corredor e desaparece à semiclaridade do final sem fim do corredor. Reaparece para novos funerais, para surpresa dos que já o imaginavam sepultado. Insepulto, onde sepultá-lo? Não no rancho de Neverland, em Los Angeles, onde fora acusado de excessiva intimidade com crianças. Então, agenda-se para a Califórnia, mais de dois meses depois de haver morrido por overdose de anestésicos e calmantes, desfilando sua sombra. Enfim, quando morrerá definitivamente o Rei Pop que trocou o amor pela própria vida pelos prazeres que escolheu na vida?
Sosígenes Bittencourt

Wednesday, September 02, 2009

Eridelson, o doido e o leão

No zoológico da cidade, a população incentiva um doido a pegar uma bola na toca do leão. O doido, exaltada sua coragem, desce à toca do leão. Como a leoa não entende de loucura humana, aproxima-se do doido e começa a arranhar-lhe o corpo com as patas. Dada a gravidade da cena, eis que Eridelson, atirador profissional, lotado no Corpo de Bombeiros, é chamado a socorrer a vítima, periclitando entre a vida e a morte. Apruma a arma, mira na leoa e detona o tiro fatal. Dado o estrondo, ergue-se o leão e caminha em direção ao doido, já lanhado de arranhões. Eridelson, na sua missão de salvar a vida humana, ante a plateia presente ao teatro da operação, reapruma a arma e atira precisamente no olho do bicho. O leão faz um corrupio e continua a investir contra o doido, num movimento rápido e ameaçador. Aí, Eridelson, em ação salvadora e precisa, atira mais uma vez no leão e salva a vida do doido, que engoliu a corda da população. Desde então, o povo que insuflou a coragem do doido passa a ver com maus olhos o assassinato do leão. Que maldade fez Eridelson contra o Reino Animal... A cidade se revolta, as rádios insultam Eridelson, chamado a salvar o doido que, influenciado pela loucura e ânsia de espetáculo da população, descera à toca do leão. Que momentos difíceis passaram Eridelson, o doido e o leão, por causa da loucura coletiva da população.
Sosígenes Bittencourt