Morrer é fácil para qualquer um. Morrer é verbo intransitivo. Basta uma expiração, a descrição da causa mortis, um anúncio em carro de propaganda, e lá se vai o corpo do falecido, a bordo de um caixão, rumo à derradeira e definitiva morada. Foi assim com todos e será assim com todos nós. Menos com Michael Jackson. Como é difícil a morte de Michael Jackson... A imaginação não consente, os retratos andam como gente, seus olhos parecem falar. Seu corpo desaparece e reaparece, sem que ninguém possa contemplar. Entra por um corredor e desaparece à semiclaridade do final sem fim do corredor. Reaparece para novos funerais, para surpresa dos que já o imaginavam sepultado. Insepulto, onde sepultá-lo? Não no rancho de Neverland, em Los Angeles, onde fora acusado de excessiva intimidade com crianças. Então, agenda-se para a Califórnia, mais de dois meses depois de haver morrido por overdose de anestésicos e calmantes, desfilando sua sombra. Enfim, quando morrerá definitivamente o Rei Pop que trocou o amor pela própria vida pelos prazeres que escolheu na vida?
Sosígenes Bittencourt
2 comments:
Infelizmente ele não conheceu o derradeiro conselho do último mexicano.
O apego desenfreado aos prazeres da vida parece ser o contrário do apego à própria vida.
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