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Em solenidade na Academia Brasileira de Letras,
Marcos Vinícios Vilaça lembrou a frase de
Joaquim Nabuco: "
Acabar com a escravidão não basta. É preciso acabar com a obra da escravidão". A frase de Nabuco, repetida por Vilaça na ABL, mostra a grandeza do maior de todos os pernambucanos que morreu há exatos
100 anos. Ele foi político que ousou pensar, intelectual que não se omitiu em agir, pensador e ativista com causa, principal artífice da
abolição do regime escravocrata no Brasil. Mas, apesar da vitória conquistada, reconhecia que a
tarefa libertária não estava conquistada.
A obra da escravidão continua viva, sob a forma da
exclusão social: pobres, especialmente negros, sem terra, sem emprego, sem casa, sem água, sem esgoto, muitos, ainda, sem comida, sobretudo sem acesso à
educação de qualidade.
Se estivesse vivo,
Nabuco olharia ao redor e se ressentiria de uma obra incompleta porque nós, seus sucessores, não fizemos o que ele defendia nas campanhas para
deputado por Pernambuco: dar terra aos escravos e educação para os filhos deles. Sem isso,
121 anos depois da Abolição, o Brasil continua um país escravocrata.
Cristovam Buarque
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