Todo Carnaval, boto pra me lembrar de gente que desapareceu daqui, por morte, ou sumiço, e era a cara da cidade. Por exemplo, quem pode ver a saída do Bloco ETsão, sem se lembrar de Dezinho Sapateiro? E quando me lembro de Dezinho, vem logo a figura de Zé Oião, casado com Socorro, o maior jogador de Sinuca da cidade, que morreu dançando no Clube Abanadores O Leão. Lembro-me de Mizura, fantasiado de bebê, de calua, de marinheiro; Geraldo Lima, corado e vociferante na calçada da PITÚ Lanches; Tonho Tripa, carregando uma récua de bêbados numa fubica; Manoelzinho de Horácio, caneiro velho. O médico que lhe tirou o baço e deu-lhe um ano de vida faleceu, e Mané viveu para lá dos setent’anos. Quem não se lembra do afrescalhadíssimo Brigitte? Uma vez, por excesso de galinhagem, tomou uma surra do irmão que ficou com um defeito no focinho. Lucinha Freire, Ladjane Duarte, Dinha e Bete Ferraz - eu era louco por essas meninas - Rubenite, Doraci Barbosa, toda mimosa na calçada do Banco; Maria Betânia, saudabilíssima, parecia uma propaganda de tonificante; Graça Arruda, de pernas adjetivas e cabelão; principalmente Buga, de Luiz Cassanique, baixinha e gordinha, parecia uma almofada, a minissaia inaugural do Colégio Municipal. Êita mundo velho sem porteira! E quem se lembrar de mais gente, pode telefonar, que eu aqui vou atrás do bloco de quem ficou, porque a festa não tem hora para terminar.
Forte abraço!
Sosígenes Bittencourt
8 comments:
Sosígenes, me bateu uma saudade...
Você sabia que sou prima das filhas de Luiz Cassanique?
Um abraço!
Caríssimo Sosígenes,
Foi com imensa alegria que o descobri, navegando aleatoriamente pela grande rede.
Saiba que sua Revista Fragmentos já está inserida em meus 'favoritos'.
Pude através de seus diversos artigos e comentários, matar um pouco a saudade e a fome de noticias de nossa velha "Vitória cansada de guerra".
Aqui do agreste pernambucano (Caruaru) envio-lhe meu abraço e congratulações pela qualidade da Revista.
Antonio Carlos ( Toncá )
Estou felicíssimo pelos comentários aqui postados. Primeiro porque adoro agradar minha aDORÁvel DORA, e depois a satisfação de abraçar um velho colega de ginásio, o amigo Antônio Carlos.
Toncá, fique de olho, você será estrela na próxima Constelação de internautas do blog.
Forte abraço!
Recorda é viver, esse pessoal faz parte da história do carnaval.Abraços
Saudações ao querido amigo Antonio Carlos Guedes Alcoforado Costa. PS: Uma grande história é a de Hugo Costa tocando a cigarra da casa de Leda. Isso lá pelas 5 da manhã, durante dias, até ser descoberto pela irmã. Saudações vitorienses!!!
Meu pai me conta que Hugo Costa foi o melhor goleiro de futebol de campo de Vitória. Conheci Hugo na Maçonaria, risonho e brincalhão. Ele me chamava de "meu mano". Comunguemos com o poeta Horácio a amargurada expressão sobre a brevidade da vida: Eheu! fugaces labuntur anni. (Ai de nós! os anos correm céleres)
Lá no Oriente Eterno o velho mano Hugo, por certo, deve ter ficado feliz pela lembrança.
Ao grande amigo Dryton meu forte abraço.
Impõem-se duas reflexões de minhas pernoites, de minhas elucubrações:
1) Há duas coisas incompreensíveis na vida: nascer sem pedir e morrer sem querer.
2) Viver é rápido. Morrer é para o resto da vida.
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