Não há quem não esteja, nesse instante, desejando que não tenham sido o pai e a madrasta da pequena Isabella Nardoni, os seus reais e desumanos assassinos, para que a face do crime não se torne mais carrancuda e torpe. Ademais, a frieza, levantada pela crítica em geral, de que a mãe não esboça nenhum desespero é outro detalhe que desafia a imaginação dos mais sinistros escritores e cineastas conhecidos.
O que estará acontecendo com o nosso país, onde criança é arrastada pelas ruas pendurada em porta de automóvel, outra é torturada com as mãos atadas para o alto, e atira-se menina de edifício como se fora um brinquedo, algo sem vida, sem sonhos, inanimado?
Ah! Foi-se o tempo em que todo adulto era pai de toda criança. Pai e protetor, em quem se podia confiar. Já não basta nossa cota de assassinatos ultrapassar anualmente o número de 48 mil, o que a ONU considera estado de guerra, ainda temos que catalogar crimes pérfidos, covardes, contra inocentes. Que qualidade de gente somos nós, que rumo tomamos, depois de tanto avanço tecnológico e científico, tanta ciência, sem sabedoria? A quantas anda nossa espiritualidade, nossa fé, nosso amor ao próximo, nossa misericórdia? Isabella Nardoni é filha de todos nós, de todos os indignados, todos que amam seus filhos e temem por suas vidas. Nosso clamor por Justiça parece um pesadelo, e os peritos criminais parecem encenar uma peça fantasmagórica à cata de monstros.
18 de abril de 2008
Sosígenes Bittencourt
18 de abril de 2008
Sosígenes Bittencourt
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