Saturday, May 30, 2009

Manhã de sábado

Manhã de sábado. O celular toca:
- Está onde, professor?
- Viajando, minha filha.
- Viajando onde?
- Em minha casa?
- E sua casa anda?
- Não, estou lendo Manuel Bandeira.
- E o senhor viaja, quando lê, é?
- Tem gente que viaja cheirando loló.
- Então leia pra mim.
- Veja essa, por exemplo:
BRISA
Vamos viver no Nordeste, Anarina.
Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas, minha vergonha.
Deixarás aqui tua filha, tua avó, teu marido, teu amante.
Aqui faz muito calor.
No Nordeste faz calor também.
Mas lá tem brisa:
Vamos viver de brisa, Anarina.
Forte abraço!
Sosígenes Bittencourt

5 comments:

maluco consciente said...

Essa é muito boa. Não ria se não puder.

Sosígenes Bittencourt said...

Rir consigo mesmo faz parte de nosso sistema imunológico.
Forte abraço!

Unknown said...

KKKKKKKKKKKKKK,Essa é boa até demais.Nem só de briza vive o homem.Beijooooo

Anonymous said...

Ótima poesia!!!! Até seria bom viver de brisa, se a vida fosse uma brisa, seria mais leve.

Sosígenes Bittencourt said...

No Domingo, me telefonaram, para perguntar se eu estava vivo. Ao que respondi: - Não, estou morto. Sou um morto que fala.
Forte abraço!