Sunday, October 26, 2008

Fala, Vitória



Desde 1955, inalo oxigênio na terra da cachaça, da heroína Mariana Amália, da Batalha das Tabocas e do ficcionista Osman Lins. Nunca vi um quadro político atingir as raias do folclore como esse de 2008. Elias Lira comemorando a vitória diariamente, e José Aglailson anunciando a posse do seu candidato a partir de janeiro de 2009. Só há uma explicação para tal episódio: a desconfiança que o eleitor tem da Justiça. Aglaílson insufla na alma do povo que as eleições foram fraudadas, e Elias, que foi incontestavelmente eleito pelo sufrágio popular. Se o povo se presta para essa manobra e essa dúvida, é pura desconfiança na Justiça. Avaliações já foram feitas e constatou-se que o brasileiro não confia numa Justiça que mantém presa uma doméstica que roubou um pote de margarina e permite Maluf se candidatar a prefeito de São Paulo. Um país em que o pau só enverga nas costas do mais mole. Um país em que um inocente é algemado e espancado na via pública, enquanto Fernandinho Beira Mar faz piquenique a bordo de avião e manda metralhar diretor de presídio. Agora mesmo, o site Congresso em Foco revelou que 43 dos 60 candidatos que concorreram à prefeituras das 30 cidades onde houve 2° turno têm ficha suja. Observe-se que o signatário destes comentários não está questionando a seriedade do pleito em questão, mas tentando explicar a razão de tamanha desconfiança, a ponto de ser orquestrada com tanta harmonia pelos maestros em conflito.
Sosígenes Bittencourt

3 comments:

Anonymous said...

Vc, Sosígenes, assinalou bem onde está a raiz de toda essa crise de insegurança política e jurídica.
Cabe, agora, um processo paciente, insistente e acumulativo de uma cultura politica mais presente na população.

Sosígenes Bittencourt said...

O povo está se desatrelando dos partidos, cedendo menos às emoções e votando de maneira mais racional. É preciso que o povo ensine aos políticos, através do voto, que governar em nome do povo é um dever e não um favor a ser cobrado. O reconhecimento deve ser espontâneo e não impingido. Se os políticos não dão bons exemplos, o povo precisa dar uma lição.

Unknown said...

Segundo o adversário do amarelo se conscientisou da derrota, dizendo que daqui a quatro anos vamos ter arrevanche.