Wednesday, December 10, 2008

Fala, Vitória

Aniversário de dona Zefinha Menezes
A última proprietária de bar do velho cabaré de Vitória, dona Zefinha Menezes, faz aniversário no Dia de Nossa Senhora da Conceição. Completando 88 verões, posto que aqui não faz primavera, fomos comemorar a data em Mané Peixe, na av. 15 de Novembro. No restaurante, Paulo Lavoura, Eraldo Boy e eu éramos as celebridades de uma mesma geração. Só faltou o garçon Fritz, que está com Jesus. Nascidos na década de 50, começamos a freqüentar o cabaré da Primitivo de Miranda lá pelos mil novecentos e sessenta e alguma coisa. Dona Zefinha ficou famosa pelo feijão verde com carne de sol na brasa que nos servia desde a hora do almoço até a madrugada. A cerveja era geladíssima, fermentada, e a música era, de The Fevers a Roberto Carlos, passando por Nelson Gonçalves, Núbia Lafayete e Ângela Maria. As mulheres vestiam saia, usavam pó compacto, tinham educação e nos banhavam, depois do amor. Nossa homenageada octogenária estava contente, tomou umas talagadas de whisky, recebeu presentes e pediu que Deus nos abençoasse. Contou que era feliz porque fez tudo o que gostava na vida. Trabalhou, amou, passeou muito e por isso envelhecia sem graves problemas psíquicos, ou de natureza física, além dos achaques naturais da velhice. Em breve discurso, arranquei aplausos para aquela época, chamando-a de tempo de paz. Comida saudável, música bonita, mulheres femininas e ruas tranqüilas para o livre trânsito dos mortais. Foi um autêntico momento de recordação, cuja onda de saudade arrancou lágrimas de Carranca, que não pode segurar a emoção. Foi um verdadeiro espetáculo! Portanto, a dona Zefinha, todo nosso carinho, saúde e muita paz.
Sosígenes Bittencourt

3 comments:

Anonymous said...

O tempo passou e o que permanece são às recordações e saudades, velhos e bons tempos... Hoje é tudo diferente do passado, hoje é tudo mais escroto e tosco.
Parabéns então para essa nobre senhora.

Anonymous said...

Imagino que nessa época as cortesãs aguardavam o pagamento enquanto o cliente banhava-se. Mas hoje até as estudantes que freqüentam a praça do leão coroado te levam a carteira.

Sosígenes Bittencourt said...

Aliás, elas lavavam os clientes, acocoradas, em frente a uma bacia. E ninguém ousava passar-lhes "seixo", ou seja, deixar de remunerá-las pelo serviço. Ficava sujo e nenhuma rapariga jamais sairia com o "seixeiro".