Faltou luz na cidade. Certa vez, revelou Drummond, em verso, "Começo a ver no escuro um novo tom de escuro".
Como quase não falta luz na cidade, aproveitei para olhar para o céu, contar estrelas e inalar o aroma da noite. Faltou o coral dos grilos que, antigamente, compunha a sonoplastia das estrelas. Era direitinho o cheiro da década de 60. Lembrei-me da angústia horaciana sobre a brevidade da vida: "Ai de nós, o tempo corre célere" (Eheu! fugaces labuntur anni.) E recordei os versos da música Twilight Time:
Deep in the dark your kiss will thrill me like days of old
(Bem no escuro seu beijo me arrebatará como antigamente)
Lighting the spark of love that fills me with dreams untold
(Acendendo a faísca do amor que me preenche com sonhos não revelados)
Each day I pray for evening just to be with you
(A cada dia eu rezo para que chegue a noite, só para estar com você)
Together, at last, at Twilight Time.
(Juntos, finalmente, à hora do crepúsculo)
Sosígenes Bittencourt
2 comments:
O que resta nesses momentos é contemplar o céu e as estrelas. Até porque, os órgãos e autoridades competentes nos deixam perdidos no “espaço”.
Abraço
Aliás, escuridão em nosso tempo dá para inspirar poemas fúnebres, elegias, filmes de suspense e outras assombrações. Cidades no escuro dão insônia em ladrão e pesadelo em guarda-noturno.
Boas sorte!
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