Monday, January 31, 2011

Sobre a paciência

Outro dia, passei na frente da televisão, e vi um padre falando sobre a paciência. Paciência com os filhos, com a esposa, com a mãe, enfim, com o semelhante, paciência com tudo. Não pude acompanhar, mas deveria estar falando da paciência cultivada. Como o amor. Lembrei-me de Carlos Drummond de Andrade: Amar se aprende amando.
Contudo, que não se confunda a paciência excessiva com conivência ou relaxamento. Tipo não perder as estribeiras com um filho desobediente, uma menina danada. Alisar a cabecinha de um malvado, pensando que é psicologia. Tal aquela esposa, que era tão delicada com o marido, e ele desenhou-lhe um tufo no olho; aquele marido que falava manso, e a mulher plantou-lhe um chapéu de bode; aquele menino, cuja mãe o mimava, e ele tocou fogo na casa.
Paciência é bom até pra morrer em paz. Os pacientes, mesmo pouco esclarecidos, lembram pessoas inteligentes. Paciência dá status social. Os pacientes são benéficos porque nos acalmam, parecem remédio para os nervos. Os pacientes só não ajeitam os impacientes mórbidos, podendo até irritá-los. Tem impaciente que quando vê alguém com muita paciência, pensa que o paciente é culpado pela sua impaciência.
Enfim, cultivemos a paciência, como devemos cultivar o amor, mas com cuidado para não confundi-la com conivência ou risco de morte.
Paciente abraço!
Sosígenes Bittencourt

2 comments:

Anonymous said...

Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo. (José Saramago) --- É a velha e conhecida história, o que diferencia o veneno de um remédio, é a dose. Isso também se aplica a paciência. A quantidade correta de paciência, resultará a glória do paciente. Amar não é difícil, mas a vida é um dilema. As coisas mais simples, podem ser as mais complicadas. Dilemático abraço.

Sosígenes Bittencourt said...

Fazer tudo com moderação, eis a questão. O difícil é ser normal. Freud condenou os excessivamente normais à classificação de NORMOPATAS. O equilíbrio é o fiel da questão. Nem 8, nem 80.
Equilibrado abraço!