Aula no IFPE

A aula foi ministrada, esta semana, aos alunos do IFPE, em Vitória de Santo Antão. Os alunos exercitaram suas inteligências, submetidos a um Ditado, cujas orações de celebridades foram exaustivamente debatidas. Na próxima semana, os alunos deverão observar as correções devidas, bem como os respectivos esclarecimentos gramaticais. Foram as orações:

1. Amar se aprende amando.

Carlos Drummond de Andrade

2. Não há nenhuma vergonha em alguém ser feliz, mas seria vergonhoso ser feliz sozinho.

Albert Camus

3. Como é belo o pecado quando o coração não confessa.

Camilo Castelo Branco

4. Toda cidade tem de ter um louco para chamar as pessoas à razão.

Machado de Assis

5. O homem nasce bom, e a sociedade o corrompe.

Jean-Jacques Rousseau

Sosígenes Bittencourt

Morte de José Alencar

José Alencar perde a vida para o câncer, sem perder a esperança. A esperança é uma das Virtudes Teologais. A inabalável convicção de que a vida não termina com a morte. Segue-se uma nova vida. Dá-nos a impressão de vê-lo, na amplidão do infinito, acenando, a nos sorrir.

A velhice é o vestibular da morte. Quem for aprovado, morrerá em paz; quem for reprovado, morrerá desesperado. José Alencar transparecia entender da vida e da morte. Albert Einstein, num momento de reflexão, deduziu que "A alegria de ver e entender é o mais perfeito dom da natureza."

Requiescat in pace

Sosígenes Bittencourt

A pintura do gato branco

Bombeiros salvam vida de gato branco nas águas escuras do Tamanduateí. Pessoas sem destreza, porém misericordiosas, chamaram os bombeiros para socorrer um gato em apuros, na Zona Norte de São Paulo. Foi junto da Estação Armênia do Metrô. O gato tomou o bonde errado. O bombeiro fez malabarismos que nem um gato. Os passageiros não tinham fôlego nem coragem para isto. Leonardo da Vinci andou dizendo que "Chegará o dia em que o homem conhecerá o íntimo dos animais." Queria dizer que, nesse dia, matar um bicho será como matar um homem. Todavia, por aqui, esse tempo anda distante, pelo que se mata de bicho homem. O gato foi um privilegiado, pelo que se mata de gato. Mahatma Gandhi falou que "A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo como seus animais são tratados." Referia-se ao comportamento dos animais racionais em relação aos irracionais. O Rio Tamanduateí não serve nem para os homens, que dirá para os gatos.

Felino abraço!

Sosígenes Bittencourt

Torcedor morto ao vivo

A invenção foi dos torcedores do Deportivo Cúcuta. Com o consentimento da família, eles rebocaram um garoto de 17 anos, falecido sábado, para o Estádio Santander. Jácome perdeu a vida quando batia bola, vítima da cachorrada urbana da Colômbia. Em esquisito protesto, foi a bordo de caixão de defunto, como para sentir a derradeira "emoção". Se vivo estivesse, preferiria estar morto. O jogo foi empate, em 1 a 1, entre o Cúcuta e o Envigado. Quer dizer, o protesto terminou, mas a anarquia continua.

Fúnebre abraço!

Sosígenes Bittencourt

Missegura

Se você não acredita, essa é a Primeira Miss Penitenciária de Pernambuco. Com tatuagem no ombro, 19 aninhos e um homicidiozinho, toda emperiquitada, parece mais uma Bela do que uma Fera. Ninguém quer saber quem matou nem quem morreu, o negócio é ressocializar. Não se sabe ainda se se ressocializa, coroando a obra. Rebecca Rhaysa abiscoitou mil reais e um curso profissionalizante, depois de disputar com 12 beldades das colônias penais femininas do Recife, Abreu e Lima e Buíque. Tem jeito? A passarela foi no Clube de Oficiais da Polícia Militar. Bem tratada, embora sem enxerimento, Rebecca aguarda julgamento porque andou matando gente. Afinal, o que fez a vítima de menina tão apaparicada?

Parabéns aos que fizeram a ré ficar tão bonitinha. Quem quer namorar Rebecca? Eu até proporia um título para o concurso: Missegura.

Embelezado abraço!

Sosígenes Bittencourt

Lenga-lenga no Orkut sobre mudanças em Vitória

SOBRE MUDANÇA

A questão de Vitória de Santo Antão é a mudança que nunca muda, alternando os Hosni Mubarak e Muammar Kadafi no poder. Aí, os caras viram ditadores. Ou eu estou errado? E sabe quem os reelege? O povo. E como derrotá-los, se eles já detêm o gado humano nos seus currais eleitorais. O milagre só aconteceria se houvesse uma mudança de mentalidade da população. Dar-se-ia a partir dos jovens, como está ocorrendo no mundo árabe. Mas, como conseguir, com a macacada gazeando aula para tomar birinaite, pitar marijuana e fazer nenen no meio da rua? Além do mais, as sementes dos velhos ditadores já estão aprendendo o exercício demagógico da escalada ao poder. Alienado abraço!

SOBRE O BARULHO Não sei se vocês observaram, mas o barulho na cidade melhorou 80%, depois que o Ministério Público, através da Promotoria da Cidadania, promoveu reunião, convocando os barulhentos - minitrios, serviços de autofalante, carros de som, alertando também portadores de carros tipo discoteca - a cumprirem lei que manda respeitar o sossego da população. Estive na reunião, no meio deles, eu que sou vítima e tenho requerimento protocolado, implorando providência e compaixão. Se vocês, jovens conscientes, se mobilizam, galvanizando a simpatia dos diversos seguimentos da sociedade, mesmo sem apoio político, poderão, de forma politicamente correta, dar um passo para uma possível mudança de MENTALIDADE. Isto será de importânca vital ao nosso desenvolvimento sustentável e eu os apoiarei incontestavelmente. Revolucionário abraço!

Sosígenes Bittencourt

Se nossa paixão fosse a ciência

Inteligente foi a colocação de um professor da Universidade Federal de Pernambuco, na TV Brasil, essa semana. Dizia que se conseguíssemos massificar a ideia do prazer de praticar ciência, estaríamos dando um passo para o desenvolvimento sustentável e formar cientistas. E citou o resultado de nossa paixão pelo futebol. Não há dúvida de que somos formadores de jogador de futebol, pela paixão e pela prática. Aqui, vive-se futebol, comentando, praticando, torcendo. Daí, sermos pentacampeões do mundo e exportarmos tantos jogadores. O investimento na ideia de praticarmos ciência, a partir da infância, quando o ser humano é mais aberto ao conhecimento porque francamente curioso, nos daria a oportunidade de salvar a pátria pelo conhecimento científico. Salientou que o aluno precisa, acima de tudo, ser levado à experiência, não se resumindo à teoria, à decoreba, à abstração.

Foi uma excelente colocação, uma boníssima ideia.

Científico abraço!

Sosígenes Bittencourt

Quadro de Frases

Eu aprendi que um sorriso é a maneira mais barata

de melhorar sua aparência.

Shakespeare

Hebe entrevista muçulmana

Na realidade, o que eu queria mostrar aqui não era Hebe Camargo, ensardinhada entre Martinho da Vila, Alexandre Pires e Diogo, o menino de João Nogueira. Apesar de se tratar de 3 gerações de sambistas e a badaladíssima Hebe Camargo, cuja história profissional já se confunde com a história da Televisão Brasileira, eu queria mostrar Zeba Sahar, a muçulmana paquistanesa que ficou abismada com o Brasil. Mais impressionada do que a surfista carioca Michelle Des Boullions, quando foi buscá-la no mundo árabe. A carioca se espantou com a repressão sexual de lá, e Zeba, com o nudismo de cá. Michelle não sabe como as muçulmanas aguentam tanto jejum carnal, e a muçulmana tomou um choque cultural quando viu tanto homem correndo de sunga, e as mulheres exibindo as fronteiras da genitália na orla marítima do Oceano Atlântico. Bom salientar que a muçulmana, com o seu recato, despertou mais interesse e apetite do que a nossa libérrima carioca.

Excitante abraço!

Sosígenes Bittencourt

Foto - mutilada afegã

Esta foto de uma mulher afegã, castigada pelo marido, ganhou um prêmio da World Press. É foto de fotojornalismo, que serve para mostrar ao mundo a barbárie do homem dito civilizado, o desrespeito aos mais elementares princípios dos Direitos Humanos. É uma foto que fala por si, sobrevive ao texto, mas requer contextualização, é feita para a palavra.
Mutilado abraço!
Sosígenes Bittencourt

Bullying nocauteado na Austrália

Este é o herói australiano Casey Heynes, que, cansado de humilhação, estourou um bullying no chão. Agorduchado, lerdo, confessou que já teve vontade de se matar, por causa de tanta agressão. Contudo, não mais que de repente, toma um soco na bochecha e resolve reagir. Pega o pivete malvado pelo tronco, joga para o alto e espatifa no chão. Sem poder de reação, nocauteado e com o joelho esfolado, o bullying foi socorrido e convenientemente suspenso. Se a moda pega, o bullying é que terá receio de ir à escola. A Austrália já teme que ocorram tiroteios, como os protagonizados por estudantes que sofreram bullying nos Estados Unidos. Desta vez, foi só um golpe de "Street Figther", que, aliás, poderia ter lascado o cocão da vítima. Paciência tem limite. Parece aquele velho ditado "um dia é da caça, um dia é do caçador."

Nocauteado abraço!

Sosígenes Bittencourt

Quadro de Frases

Numa área natural não se tira nada além de fotografia,

não se mata nada além do tempo,

não se deixa nada além de pegadas

e não se leva nada além de lembranças.

SOS PRAIAS BRASIL

"Alô! Maravilhoso!"

Obama deve ter adorado visitar o Brasil. Dia de domingo, trânsitos terrestre e aéreo desobstruídos, povo pobre sorrindo, baticum, capoeira. Salvo o susto que a primeira-dama tomou, quando pensou que a criança que estava se amostrando iria cair com a cabeça no chão. É tudo o que um norte-americano não vê nem acredita, por isso fica admirado. Daí, sua saudação: "Alô! Maravilhoso!" Deve ter se lembrado do apelido do Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa. Sabidíssimo, fez a concordância de gênero, 'maravilhoso' com 'Brasil'. Depois, viu o Rio, lá do alto, uma das mais espetaculares visões metropolitanas do planeta.

No coração de Obama, o Brasil é um país que não incomoda. Daí, haver dito que serve de exemplo para as ditaduras do mundo árabe. Deu a entender que o Brasil é uma democracia. Agora, vai dar um saltinho ali no Chile. Como vai falar de acordo nuclear, o Greenpeace já se prepara para dar-lhe uma vaia. É que o Chile é chegado a terremoto, o que justifica o terrível pavor a bregueços atômicos.

"Maravilhoso" abraço!

Sosígenes Bittencourt

A raiz de todos os males

O Brasil tem 3 problemas: educação, educação e educação. Ou seja, falta de educação - a raiz de todos os males. O menino que atirou uma banca escolar na professora em Guaimbê (SP), vai passar 45 dias internado na Fundação Casa a bem da moral e dos bons costumes. Para ele, deve ser um inferno, já que não podia ficar calado um minuto. Só porque a professora pediu atenção, solicitou que ele fechasse o badalo, o malvado achou por bem aplicar um corretivo na vítima. O agressor tem 16 aninhos, e a professora de matemática, 29. A escola conta que foi um caso isolado. Quem sabe? É mesmo que dizer que na escola não tem bullying. O bullying de hoje pode ser o bárbaro de amanhã. Meninos que usam desses expedientes na escola, geralmente, em casa, mandam o pai para o raio que o parta, dão o dedinho para a genitora e puxam o rabo do gato. Antigamente, menino não fazia isso porque levava umas cinturãozadas de mijar na fralda. E quem era doido? Hoje, aluno dá rasteira em professora, tapa na cara, toca fogo no cabelo, ameaça de morte, etc, etc Depois que a Psicologia condenou botar menino de castigo, as agressões físicas e desrespeito começaram a se multiplicar. Psicologia, antigamente, chamava-se chibata. Jogo limpo! Quando não, era um “sente-se aqui e só levante quando eu mandar”. O cara ficava de bunda quadrada e não saía do lugar.
Um dia, o menino entrou em casa, alvoroçado, esbaforido: - Painho, eu vou ali na casa de uma amiga, pra gente ir na casa de um amigo, pra ir jogar lá no campo, lá na casa de fulano, com sicrano e tarará e tororô, e num sei o que, e lá vai...
- Vai não!
- Ai, meu Deus, painho endoidou! Vou ligar pra mainha! Alô, mainha, painho tá ficando doido! Ele não quer que eu vá pra casa de fulano e tarará e tororô, e plá e plá!...
- Não vai!
-Ai, meu Deus, que inferno, minha Nossa Senhora! Painho, a gente acertou desde ontem, doido!
- Não vai!
Hoje, o menino parece uma seda. – Painho, o senhor já viu o meu boletim? Veja minhas notas. O senhor deixa eu ir, na próxima semana, e tarará e tororô?
Pelo menos, até onde sei, está tudo numa boa.
Educativo abraço!

Sosígenes Bittencourt

Dalai Lama

O que mais me surpreende na humanidade são os homens. Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal maneira que acabam não vivendo nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer. E morrem como se nunca tivessem vivido.
Dalai Lama

Ao leitor

Oh! diletos e atualizados ledores do signatário que vos redige! ainda ontem entrei em sala de aula e roguei aos meus amados que fizessem 1 minuto de silêncio pelas vítimas mortas (e vivas) do Tsunami que destroçou o Japão. Sério! E me obedeceram. Incrível! Daí, concentrados, pude estudar com eles. Professor é aquele que também aprende. Lembra-me Guimarães Rosa: Mestre não é quem sempre ensina, mas quem, de repente, aprende.
Pedagógico abraço!
Sosígenes Bittencourt

Sobre corte de energia

Cliente deve ser avisado 15 dias antes e interrupção feita em até 90 dias
JAMILLE COELHO
A partir de hoje, as distribuidoras de energia elétrica de todo o País devem começar a cumprir a Resolução 414 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Com isso, o corte em unidades consumidoras só poderá ocorrer em horário comercial e em até 90 dias de vencimento da fatura em aberto. A resolução diz ainda que a unidade consumidora deverá ser avisada com 15 dias de antecedência sobre o corte.
De acordo com o diretor de Operações da Provider, Aloysio Accioly, em meio às principais mudanças está a obrigatoriedade de abertura dos postos de atendimento presencial em localidades com mais de dez mil unidades consumidoras.
(Folha de Pernambuco)

Quadro de Frases

Eu quase que de nada sei,

mas desconfio de muita coisa.

Guimarães Rosa

Fala, Vitória

Profª Valdinete Moura
Esta é profª Valdinete, toda sorridente, debruçada sobre dona Eunice Xavier, indo lançar livro no Instituto Histórico, dia 24, em Vitória de Santo Antão. Muito bem! Diz que seu livro, Mulheres na Chuva, é um olhar tridimensional sobre o universo feminino.

Fui aluno de profª Valdinete nos idos da década de 70. No tempo em que professor ensinava com prazer, e aluno estudava com vontade de aprender. Faz tempo... Professor ensinava e aluno aprendia, porque escola era lugar de concentração, não de distração. Professor ensinava, porque aluno prestava atenção. O resultado era aprendizagem. Não há ensino quando não há aprendizagem. Foi no tempo em que menino era menino, e gente grande era gente grande. A criança era treinada para prestar. Ficava de pé, cantava Hino, falava com Deus, antes de estudar. No alicerce do que hoje eu sei, há o ensino de antigamente, as aulas do meu tempo, as explicações de profª Valdinete Moura. Foi muito legal!
Agradecido abraço!
Sosígenes Bittencourt

Foto - mão plantada em destroços

Dentre as imagens vindas do tsunami, no Japão, esta mão, como um vegetal emergindo da terra, é das mais férteis. Muda, pálida, petrificada, no detalhe do derradeiro gesto, as unhas, a impressão do último movimento, da agonia da morte.
Destroçado abraço!
Sosígenes Bittencourt

A poesia é essencial

NÃO SE MATE

Não se mate, Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo: hoje beija,
amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira niguém sabe
o que será.

Carlos Drummond de Andrade

Tsunami

Para você ter uma ideia do que vem a ser um tsunami, essa é uma das imagens mais ilustrativas e assombrosas. Aconteceu na Tailândia, em 2004, quando a terra tremeu no fundo do Oceano Índico.
De tão habituados a conviver com maremotos, há fotografias de japoneses correndo e sorrindo na frente de um tsunami. E a própria palavra é japonesa, que quer dizer "onda de porto". O maremoto é um terremoto submarino, que ergue a imensidão do oceano, formando um gigantesco paredão d'água, num movimento diluviano. Avançando sobre regiões costeiras, não dá tempo do ser humano escapar na carreira. O Japão está vivendo o terrível sofrimento de contas seus mortos. A imagem é de desafiar a mais escatológica invenção cinematográfica. Uma descomunal mancha negra que avança sobre a zona rural e as cidades, arrastando e afogando tudo, inexoravelmente, no roldão das águas. O que nos admira é, até aqui, embora contabilizando mais de 10 mil mortos, não tenha havido registro de nenhum assalto, nenhuma ocorrência policial.
Contam que há previsão de um tsunami, de dimensões apocalípticas, do lado de cá do Oceano Atlântico. Já espalharam até que atingiria o Recife, fazendo as torres gêmeas da Moura Dubeux, empertigadas no Cais José Estelita, cairem de frente, como se fossem de papel.
Diluviano abraço!
Sosígenes Bittencourt

Ao leitor

Pedir é dom de todos; agradecer, virtude de poucos. Obrigado, curiosos ledores do signatário que vos redige! Anotem os números dos meus telefones para contato: 3523-0176 / 8677-2128, e o meu novo e-mail: sosifrag@hotmail.com No msn, estou pastorando você. Pode puxar conversa, que conversar é comiguinho mesmo. Sou formado em Conversologia. Creio no conselho tântrico: Case com quem você gosta de conversar. Outro dia, me acordaram, de madrugada, para perguntar se peixes dava certo com áries.

- Vocês gostam de conversar?

- Não, professor, vivemos brigando.

- Então, mesmo que combinasse, não daria certo.

O melhor tira-gosto para uma boa bebida é um bom papo. Esse meu celular vive no ar 24h. Pode perguntar o que quiser, já que me reservo o direito de responder o que quiser. Outro dia, uma senhora me ligou, perguntando se era o ginecologista: "Não, minha senhora. Em todo caso, o que é que a senhora está sentido?"

Agradecido abraço!

Sosígenes Bittencourt

Da ressaca

A ressaca parece ser um dos sinônimos clínicos do Carnaval. Isso porque a maioria dos foliões só se sente à vontade para liberar os seus fantasmas interiores, embebendo a caveira em cachaça. É o que se poderia chamar de autoindulgência ou catarse suicida. Dizem que deglutir ovo cru, tomar chá açucarado ou encher a barriga de água são recursos eficazes no tratamento da ressaca. Mas, tudo não passa de mero paliativo. O fígado que o diga, mais sobrecarregado do que Hércules perante os colossais enfrentamentos.
Logo ao receber o álcool, o fígado o transforma em acetaldeído, uma substância venenosa, acusada de engendrar a macabra indisposição alcoólica. Se a bebida for escura, tipo vinho tinto ou conhaque, o cão chama-se metanol. A sensação, às vezes, é de ter engolido um paralelepípedo, o que a ciência médica chama de peso epigástrico.
O ovo cru é considerado um eficiente gari na remoção do lixo tóxico porque contém cisteína, um aminoácido sanitário que contém glutationa. Se a glutationa se esgota, os radicais de oxigênio livres desencadeiam a deterioração dos tecidos.
A água favorece o reabastecimento hídrico do organismo, pois o álcool suga os fluidos corporais, fazendo o rim saarizado beber a água da urina, e o cérebro ficar seco.
O chá açucarado repõe o estoque de açúcar que o álcool roubou do armazém hepático. A Medicina chama esta ocorrência de hipoglicemia, uma penúria que afraca a vítima, deixando-a tonta e bamba. Enfim, o ideal seria não beber e fazer exercício físico no remelexo do ritmo. Sobretudo, evitar a embriaguez, que faz o corpo periclitar na avenida.

Clínico abraço!
Sosígenes Bittencourt

FRAGMENTOS

Daqui a 9 meses, nascerão os filhos de confete e serpentina.

Sosígenes Bittencourt

Carnaval - Alceu versus Pierre

Terça-feira Gorda em Vitória de Santo Antão, 08 de março de 2011. A multidão se espreme, ensardinhada na Praça Duque de Caxias, para ver Alceu Valença cantar. Alceu dana-se a fazer pantomima, cantando e saracoteando pra lá e pra cá, feito um papagaio na vara. De repente, lá vem Pierre descendo pela rua Dr. Aloísio Xavier, nu de cintura pra cima, musculoso, pulando e cantando, como se fosse se despencar das alturas. Ninguém abre pra ninguém. Os decibéis estrondam na praça, parecendo que vai rachar. Alceu, invocado, pede a Pierre para passar em silêncio, alegando que está parado e o trio invadindo o seu espetáculo. Reeditam o Eclesiastes: Vaidade das vaidades, tudo é vaidade. Pernambucanalhados, discutem na maior fuleiragem. Ladram impropérios impublicáveis nas fuças do povo. Desrespeitam as crianças e acirram os ânimos dos maloqueiros, que nem menino criado em zona de baixo meretrício. Aí, uma récua de doidos atira cerveja no trio, berrando, querendo se amostrar. Esse filme é reprise, bagunça histórica na cidade. E é por causa dessa barulheira infernal e certas músicas pornográficas, feitas para inflamar a genitália e endoidar o cabeção, que mataram dois foliões a cacete, no Carnaval. É multiescullambação no Carnaval multicultural.
Malcriado abraço!
Sosígenes Bittencourt

Dia Internacional da Mulher

Para quem aprecia, todo dia é Dia Internacional da Mulher.

Sosígenes Bittencourt

Carnaval - ETsão & ETsuda

O cúmulo da criatividade humorística, da sátira, é aqui. Dou por vista a gaitada do turista quando dá de cara com essa gozação em cima da obra de Steven Spielberg.

Extraterrestre abraço!

Sosígenes Bittencourt

Carnaval - Vovô

Minha fantasia é barata, porque é natural. Não precisa de patrocínio ou investimento, a natureza já se encarregou de me fantasiar. Embora, sem neto ainda, sou o avô das meninas, sobretudo das solteironas casadoiras e separadas esperançosas. A música que canto nos ambientes por onde passo é a modinha de finado Capiba, MODELOS DE VERÃO.

Quanta mulher bonita
tem aqui neste salão
parece até desfile
de modelos de verão
até as viuvinhas
do artista James Dean
vieram incorporadas
hoje a noite está pra mim!

Eu daqui não saio,
eu não vou embora,
tanta mulher bonita
e minha mãe sem nora.

Sosígenes Bittencourt

Lavínia

Que tristeza a morte dessa menina. A pequena Lavínia não tinha nada a ver com a paixão da amante do seu pai. Por que matar a menina e, por exemplo, não matá-lo? Por isso, duvidamos muito que a criminosa esteja com remorso. Deve estar chorando porque jamais poderá rever o torturado objeto de sua paixão. O crime é passional, mas a vítima é a inocente Lavínia. A dúvida que permanece é como a amante conseguiu pegar a menina na casa dos pais, sem que ninguém percebesse.
Truculento abraço!
Sosígenes Bittencourt

Carnaval - Senhor Lama

Este é o insuportavelmente emporcalhado Senhor Lama. É pouco investimento e muita criatividade. De aspecto sebosíssimo, dependendo da origem da lama, deve feder pra caramba. A resistência da pele é de desmoralizar as teses e avaliações dermatológicas mais profundas. Feito o alcoólatra que é condenado pela Medicina, e o médico morre primeiro.

Em suma, em tempo de crise financeira, Medalha de Barro para folião de tanta imaginação.

Enlameado abraço!

Sosígenes Bittencourt

A CARne de NAda VALe

Historicamente, o Tríduo Momesmo ou Entrudo anda relacionado às orgias de Baco ou Dionísio, podendo ser chamado de Lupercais – festim em honra de Pã – Saturnais ou Bacanais. No Egito, na Grécia ou em Roma, homenageavam o Rei Ísis e o Boi Ápis. Em virtude da cachorrada, que era muito grande, com o advento do Cristianismo as bacanais foram proibidas.
Na Idade Média, ninguém aguentava mais o jejum, a Alta Nobreza de Veneza e Roma abriu a celebração.
Foi numa dessas brincadeiras que o Monarca Carlos VI morreu assassinado, fantasiado de urso.
O Entrudo é um folguedo muito antigo, comemorado com banho d’água, farinha e tinta, embora já se tenha sacudido até esterco de quadrúpede no meio da folia.
Momo é a figura que personifica o Carnaval. É o bufão que, nos paços reais, divertia os seus amos com suas pantomimas.
Sosígenes Bittencourt

Larissa Riquelme

Para quem tem preconceito com produto do Paraguai, esta é a insuportavelmente saborosa Larissa Riquelme, com sua gargantilha de sinais constelando a orla do pescoço. Seus seios, nem duros nem moles, parecem duas frutas maduras, oferecidas na bandeja do busto. O decote do vestido esconde seus chupitáveis mamilos. Sua ternura, sua mornidão, um esguicho de esperança a amamentar nosso desejo. Dá vontade de arrumar as malas e se danar para o Anhembi. Êita, meu Deus!

Sosígenes Bittencourt

Os perigos do beijo

O Ministério da Saúde está alertando os beijoqueiros para os perigos que há na degustação amorosa. Diz que o beijo pode ser a passarela para o desfile do Treponema Pallidum, aquela bactéria do grupo das espiroquetas, tipo saca-rolha. Não custa nada puxar os beiços do semelhante para vistoriar a mucosa. Feridinhas podem contaminar a saliva com o bicho que transmite a Sífilis, uma doença que pode endoidar e remeter a vítima para a Terra dos Pés Juntos. O Carnaval é bamba em infectar folião. O HIV mesmo gosta muito de se amostrar nas avenidas do sangue. O jornalista e escritor italiano Pitigrilli dizia que "o beijo é uma troca de bactérias em campo úmido."

O Ministério também mete o pau no indiscriminado sexo oral. Antigamente, sexo oral era seboseira e pecado, uma vergonha. Fazia parte do cardápio de safadezas carnais. Hoje, além de recordação da chupeta é manobra anticoncepcional, estripulia para evitar menino. A prática tornou-se tão corriqueira entre os namorados, que ninguém nem liga mais para essas folias bucais.

Periclitante abraço.

Sosígenes Bittencourt

Quadro de Frases

No Carnaval, não use ARMA, use a ALMA.

Sosígenes Bittencourt

Reunião sobre Poluição Sonora

Essa reunião da Promotoria de Cidadania, que aborda a questão da Poluição Sonora, suas consequências e punições cabíveis, foi sobretudo educativa, um puxavante de orelha na caterva do barulho. Gente ouviu coisa do arco da velha, acostumado a fazer o que dá na telha. Por exemplo, ninguém deve se submeter a ouvir o que não quer ou o que não gosta. Se você aprecia Lapada na Rachada, não pode obrigar o seu vizinho a suportar tamanha FLAGELAÇÃO GENITAL em dó maior. Por outro lado, se você gosta de BEETHOVEN, também não pode fazer o tadinho, ao lado, se assustar. Imagine que um pastor teve seu material de som apreendido porque pregava a palavra de Deus 24h por dia, pensando que Nosso Senhor era surdo. Um seguidor das Trevas resolveu reclamar porque não aguentava mais ouvir falar em Deus. A casa é o asilo do homem, nenhum doido pode perturbá-lo.

Educadamente, o promotor explanou sobre os malefícios psicossomáticos do barulho e a inexistência de respaldo legal para a circulação impávida dessa parafernália eletrônica que azucrina a população em todo quadrante da urbe.

Silencioso abraço!

Sosígenes Bittencourt

Foto

Louca de amor pelo Monge Beneditino. Segundo Marcus Prado, essa foto foi inspirada numa assombração, narrada pelo sociólogo Gilberto Freire. A mulher era vista nuinha na porta do mosteiro de São Bento, doida de amor por um monge. Foi no tempo em que mulher nua na rua era assombração ou loucura. Ninguém bulia. Hoje, é normal e todo mundo quer botar o dedo.

Assombroso abraço!

Sosígenes Bittencourt

A Pátria do Barulho

O Ministério Público convidou os produtores de festas, proprietários de carros de som, barzinhos e assemelhados, para ouvir preleção sobre poluição sonora, leis e penalidades. Vitória/PE
Sobre o assunto, relembrarei, aqui, crônica que publiquei em 2006, intitulada: A PÁTRIA DO BARULHO.
O que me leva a escrever sobre barulho é a conseqüência de festas realizadas em minha rua e uma crônica escrita por Cláudio de Moura Castro em fevereiro deste ano. O economista viveu 15 anos entre a Suíça e os Estados Unidos. Mesma sorte não tive eu, sempre residindo aqui, no foco da zoada. Não sei se me adaptaria à Suíça que, de tão silenciosa, deva ser monótona. Pelo menos para mim, habituado a frevo e maracatu, samba do crioulo doido, trio-elétrico e porta-malas que falam. Outro dia, conheci duas austríacas que falavam mais por gestos do que por palavras. Imaginei que beijassem em meneios de valsa, como se bailassem. Nos dias de festa em minha rua, os meus pais septuagenários não dormem, não sossegam, e minhas elucubrações intelectuais são capituladas. Segundo Cláudio, na Suíça, “os cães não latem e as crianças não berram”. Literalmente, “é proibido cortar grama aos domingos, por causa do barulho das máquinas”. Relata que “em muitos edifícios é proibido tomar banho e puxar a descarga após as 10 horas da noite. Aviões barulhentos não pousam lá”.
Bem sei que ninguém tem tempo de estar lendo ou se incomodando com essas coisas como faço agora, mas alguém tem de desabafar pelos que sofrem. Um dos momentos mais pitorescos, dentro da descrição do economista em torno do país dos decibéis, é quando denuncia que aqui “Muitos urram fora da lei. Os pneus cantam nas curvas. A cachorrada da vizinhança tem cordas vocais de aço-molibdênio. As igrejas e os cultos confundem decibéis com fé”.
Penso que Cláudio tem muito o que reclamar nesse seu retorno à pátria do barulho. Eu o aconselharia a entrar numa dessas festas onde a juventude se embriaga ao som e o ritmo de “Lapada na Rachada”, para estudar a idéia que hoje se inculca na população sobre os órgãos genitais e o exercício do prazer.
Poluído abraço!
Sosígenes Bittencourt