Wednesday, March 09, 2011

Carnaval - Alceu versus Pierre


Terça-feira Gorda em Vitória de Santo Antão, 08 de março de 2011. A multidão se espreme, ensardinhada na Praça Duque de Caxias, para ver Alceu Valença cantar. Alceu dana-se a fazer pantomima, cantando e saracoteando pra lá e pra cá, feito um papagaio na vara. De repente, lá vem Pierre descendo pela rua Dr. Aloísio Xavier, nu de cintura pra cima, musculoso, pulando e cantando, como se fosse se despencar das alturas. Ninguém abre pra ninguém. Os decibéis estrondam na praça, parecendo que vai rachar. Alceu, invocado, pede a Pierre para passar em silêncio, alegando que está parado e o trio invadindo o seu espetáculo. Reeditam o Eclesiastes: Vaidade das vaidades, tudo é vaidade. Pernambucanalhados, discutem na maior fuleiragem. Ladram impropérios impublicáveis nas fuças do povo. Desrespeitam as crianças e acirram os ânimos dos maloqueiros, que nem menino criado em zona de baixo meretrício. Aí, uma récua de doidos atira cerveja no trio, berrando, querendo se amostrar. Esse filme é reprise, bagunça histórica na cidade. E é por causa dessa barulheira infernal e certas músicas pornográficas, feitas para inflamar a genitália e endoidar o cabeção, que mataram dois foliões a cacete, no Carnaval. É multiescullambação no Carnaval multicultural.
Malcriado abraço!
Sosígenes Bittencourt

9 comments:

Anonymous said...

É lamentável ver um artista como Alceu Valença passar por uma situação como essa. Qualquer outro cantor que ali estivesse, creio eu, teria parado por alguns instantes o som do seu trio elétrico em respeito a esse mestre da cultura pernambucana. Não desvalorizando a cultura e a tradição local, mas Alceu é ícone de Pernambuco pro Brasil e pro mundo. Por isso, é digno de respeito. Coloquem-se no lugar de Alceu Valença; você está fazendo o seu show num palco em praça pública e vem um trio reprimindo o seu trabalho. Como Alceu não engole “sapo” de ninguém, reagiu corajosamente àquela situação desrespeitosa. Só complementando: este fato já virou hábito em Vitória de Santo Antão nos carnavais, outros cantores já sofreram com esse mau costume. Elba Ramalho já foi uma vítima, ela estava no palco da Duque de Caxias (o mesmo onde ocorreu o episódio entre Alceu e Pierre) fazendo o seu show e Pierre vem com seu trio ensurdecedor descendo a avenida. Como ela teve mais paciência e, saco, não contestou e interagiu com Pierre. Mas Alceu é o Valença, que teve coragem de contestar a um hábito comum e mal educado da cidade. É no mínimo uma ingratidão por tudo aquilo que Alceu fez e ainda faz pela música pernambucana. É preciso respeitar aonde Alceu chegou (um dos maiores cantores do Brasil e por que não do mundo), ele (Alceu) exaltou Pernambuco num tempo em que havia muito preconceito com os nordestinos e foi um dos responsáveis para derrubar ou diminuir esse maldito preconceito, enfim. Observem como foi péssimo para Vitória de Santo Antão ser palco dessa deplorável ocorrência. Quanto a Pierre, faltou humildade e reconhecimento. Lamentável para um cantor que tem um enorme potencial de crescer artisticamente. Lamentável abraço.

Sosígenes Bittencourt said...

Cabe aos organizadores do nosso Carnaval estabelecer normas a serem cumpridas, sob pena de punição. Evitar esses aborrecimentos que só depõem contra nossa cidade. Já não basta a fama de violentos que temos. Na realidade, Alceu deve ter ficado indignado com o atropelamento do seu show. Ademais, o som do trio estava ensurdecedor, estremecendo a praça, o que não condiz com as advertências do MPPE sobre a Lei das Contravenções Penais que versa sobre decibéis e o sossego público.
Estrondoso abraço!

vitor frankl said...

Alceu Valença agiu corretamente. O “show” dele foi bancado com o dinheiro do erário. Convenhamos que, em uma apresentação de uma hora, passar de 20 a 30 minutos parado é ganhar sem trabalhar, é sinecura. Sinecura que um tal de Luciano Pedrosa defendeu, dizendo que Alceu é que esperasse o trio pois já havia embolsado o dinheiro para fazer a apresentação. E um homem desse quer ser a régua do mundo na moralidade. O que ele pregou ali, foi o assalto às coisas públicas. Vai ver é saudade da boquinha da prefeitura.
Mais. A macacada que o Pierre faz é privatizada; logo, por princípio, vem primeiro a coisa pública. No mais, Alceu Valença veio cumprir um a agenda, um compromisso. Caso ele atrasasse seria tido como irresponsável, pavão. Estão culpando o artista por fazer o que é correto. Quem invadiu o espaço foi o trio.
A Pitú é uma empresa respeitável, tem feito um enorme bem para a cidade, mas alguns de seus “representantes” não estão à altura da empresa. É muita prepotência. O interesse do povo não pode ser subjugado por meros interesses privados, e diga-se de mau gosto.
Como Alceu Valença não é dessas paragens, desperdiçou muitas letrinhas com o Pierre. Bastava dizer-lhe com o dedo em riste: és uma farsa. Não se explica racionalmente como seres humanos adulto, a maioria alfabetizada, muitos mesmo diplomados, vão qual bando de retardados atrás de um “cantor” sem potência vocal, que nada canta. Reparem. Ele não canta uma música por inteiro, não consegue. É um cantor anacoluto.
Incrível mesmo é chamarem o tal de “uma tradição de Vitória”. Quê? Estes que dizem isto, desafio me definirem o que é ou não tradição. O locutor do Canal 38, opa desculpe, 58, o Luciano
Pedrosa, disse: “entre Alceu e Pierre, eu sou mais Pierre, que é de Vitória”. Quer dizer que qualidade se pauta agora por quesitos chauvinistas. No entender deste William Bonner, entre Claudia Schiffer e Maria Pizunha, vitoriense, nenhuma chance para a beldade alemã. Paciência.
Viktor Frankl

Anonymous said...

Alceu Valença é um autêntico pernambucano. Teve coragem e denunciou publicamente uma falta de educação contra a sua pessoa. Esse é cabra da peste! Muitos cantores teriam engolido a seco aquela circunstância. ps: estou com Alceu Valença. Como pernambucano que é, ele está habilitado para contestar qualquer absurdo em qualquer município de seu estado. Abraço a todos. Ass: Rodrigo Vieira.

Sosígenes Bittencourt said...

A raiz desse mal está em sufocar nosso Carnaval com os decibéis alienígenas de outros carnavais. Começou quando os trios encurralaram nossas orquestras de frevo, importanto outros ritmos musicais. Bom salientar que o FREVO nasceu entre Olinda e Recife, e é a mais genuína música nacional.
Pernambucano abraço!

Dryton Bandeira said...

Vale salientar que o vitoriense Pierre tentou inicialmente interagir com o "estrelado" Alceu.O objetivo era homenagear o "Nassau do Pití", todavia, o "cabeça feita" reeditou cenas promovidas pelo mesmo no Baile Municipal do Recife, ao ficar em segundo plano diante de Ivete Sangalo, ao não ser escalado para encerrar a festa. Cabe aqui informar que o palco estava sob a gestão da Empetur/Fundarpe. Saliento ainda que durante as passsagens do Taboquinhas e dos Monges, o som do palco continuou ligado,comprometendo as apresentações das agremiações.Lamentável é ver pitaqueiros que nunca colocaram um "Boi" nas ruas da cidade, tomarem partido de forasteiros, em detrimento dos blocos e artistas nativos. DRYTON BANDEIRA-Diretor do Bloco A GIRAFA. "Há 61 anos, de todos a maior"!!!

Ivandré said...

Alceu que se cuide, pois pierre já quebrou até motel, quanto mais...

Anonymous said...

A Girafa, de todos a maior??? o_O

Sosígenes Bittencourt said...

Penso que esse episódio causará alguma mudança no Carnaval da cidade, já que a opinião pública está dividida. Porque nós já vimos o palco parar para trio passar, e vimos trio passar em silêncio. O que não pode ocorrer é deixar a decisão para o momento da festa. Se, como diriam os cubanos "cada cabeça é um mundo", então teremos que normatizar a conduta para não terminar num tumulto coletivo de proporções imprevisíveis. Alceu teria que saber, previamente, que nenhuma agremiação passaria em silêncio na frente do seu show. Caberia a ele aceitar, ou não. O que não pode é a visita pensar que vai saborear caviar e, de repente, lhe servirem uma gororoba.
Confuso abraço!