Engana-se, redondamente, quem acha que a gueixa
é uma versão oriental de nossa prostituta. A gueixa lá no Japão, e a prostituta
aqui na esquina. Primeiro, porque para ser gueixa é preciso muitos anos de estudo, enquanto para
ser prostituta não é preciso nenhum estudo, o que até facilita.
A gueixa é uma profissional que aprende, desde cedo, a
milenar arte de seduzir, dançar e cantar, com ritos e indumentária
tradicionais. A prostituta é uma profissional do sexo, desregrada, que negocia
o corpo, não tendo, por isso, que aprender coisíssima nenhuma.
A gueixa não pode ser desfrutada por um Zé Ninguém, só
servindo a políticos, grandes empresários e artistas, porque podem contratar os
seus conhecimentos.
A gueixa sabe como desestressar um cidadão, tem de estar
ciente da política internacional e não tem que fazer sexo com o seu cliente. A
prostituta sabe como estressar um cidadão, não tem obrigação de entender nem de
fundo de cozinha e tem de fazer sexo, mesmo que não saiba nem queira
absolutamente nada com a vítima.
Enfim, a gueixa é um cicerone da cultura japonesa, tendo
obrigação de conhecer o Japão milenar e contemporâneo, enquanto a prostituta é
uma representante de nossa cultura mercadológica, segundo a qual tudo na vida
tem preço e nenhum valor.
Sosígenes Bittencourt
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