Sunday, December 14, 2008

Fala, Vitória

Aprendi a dançar no Salão Azul, na rua Primitivo de Miranda, na década de 60. Naquele tempo, nunca vi ninguém dar uma bofetada em ninguém. Era o bairro alegre da cidade. Como as namoradas não podiam transar, porque era pecado, íamos esvaziar os testículos na Zona de Baixo Meretrício. As músicas eram românticas e as mulheres se apaixonavam. Havia regra no cabaré, mais respeito do que nas praças, hoje em dia. Doença venérea curava-se com Tetrex. Não havia essa doença que veio do macaco e mata o bicho homem.
A Primitivo de Miranda já deu casamento. Conheço boêmio que tirou mulher de lá e morreu satisfeito. Ninguém pitava “cannabis sativa” nem andava armado. Hoje, você tem que passar por lá acocorado, e se respirar fundo, cai embriagado.
Sosígenes Bittencourt

2 comments:

Anonymous said...

Aí eu te pergunto: será que ainda existe boemia?
Ou hoje o negócio é na base da depravação mesmo?

Sosígenes Bittencourt said...

O boêmio sempre foi um cidadão, nunca faltando com respeito ao semelhante. Às vezes, usava paletó e gravata. Hoje, é animal em extinção. Hoje, boemia é sinônimo de perturbação do sono e batida policial.