O show de Maria Fulô
Eu sabia que as meninas viriam. Havia poucas pessoas na Gamela de Ouro, o que me dava a impressão de que tocavam pra mim. Saí da mesa e fui pra frente do palco. Fiquei de cara pra cima, abestalhado. Não é brincadeira o tanto que aprecio mulher, vê logo um grupo delas, cantando, tocando e saracoteando. Principalmente, música telúrica, de minhas raízes, reminiscente e sensorial. Chega senti aquele mormaço de mulher, emanando dos seus vestidos, dos cabelos, da pele. Que meninas bonitas danadas. Então, o contraste entre uma loira, brancas e morenas era de endoidar o cabeção de um padre de gesso. Ainda mais os de hoje. Terminei subindo no palco, dando um rápido discurso metafórico, uma babada, provocando uma chuvarada de palmas e assobios. E pra terminar, quero revelar minha fraqueza carnal e espiritual pela menina da zabumba. Penso que nunca mais vou ter sossego na minha vida.
Forte abraço!
Sosígenes Bittencourt
Domingo, 25 de abril de 2010
6 comments:
O seu estilo próprio em escrever, brincando com as palavras, de uma forma inteligente e espontânea; informativo e literário; com ironias, críticas e elogios; agrada e estimula seus leitores.
E por falar em músicas e "barulhos", me veio à mente uma reflexão sobre o silêncio:
"O silêncio, fiel companheiro das noites tranqüilas, dos sonos profundos; tão valioso nos momentos de incerteza e de observância; é a resposta das nossas inseguranças e ao mesmo tempo um martírio para aqueles que anseiam por um eco."
Um abraço
Em primeiro lugar, você me faz realizado. O meu objetivo é exatamente esse: informar e entreter, ensinar e divertir, é o meu lado demasiadamente humano.
Quanto ao silêncio, eu considero a voz da natureza. O ser humano precisa do silêncio para conhecer-se. As pessoas estão solitárias dentro de si mesmas, sem a própria companhia. Na entrada do templo de Delphos está escrito o ensinamento de Sócrates: Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses.
"O som aniquila a grande beleza do silêncio." (Charles Chaplin)
Esta frase de Chaplin é um espetáculo. Vai para o Quadro de Frases da revista Fragmentos na cidade.
As três são lindas. A morena, a branquinha e a loirinha. Mas como não gosto de ficar em cima do muro, essa Loirinha ganha nota 10. Pras outras dou 9,9.
A loirinha é a que, um dia, saltou do palco e me pegou pra dançar. Na festa de Sábado, olhou para mim e me disse: "Eu conheço você." Fiquei petrificado sob o condão da palavra. Mas a morena da zabumba agitou minha veia lusitana. Quase parafraseava Camões: namorar é preciso, viver não é preciso.
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