Sunday, July 06, 2008

Vereador, eleitor e exercício demagógico




Por esses tempos, costumo dizer que na cidade, todo dia, dorme um sadio e acorda candidato a vereador. Sadio de corpo e alma, depois febril de más intenções. Prejudiciais a si, aos entes queridos e à sociedade. Se exagero, que tal a denúncia de l66 vereadores no meio dos políticos com ficha suja na lista do Tribunal de Contas do Estado? A palavra República vem do latim “res publica” e significa “coisa pública”. Portanto, usar para si o que é do povo, desviar o erário (dinheiro público) é “corrupção”, ou seja, a maior inimiga da república.
Faz parte da significação do verbo "verear": fiscalizar. O vereador é, portanto, um fiscal. Daí o edil ser os olhos e os ouvidos do povo. Mas, o que corre na boca do eleitorado e nos bastidores das câmaras municipais é que os vereadores se vendem, atemorizados com os prefeitos de plantão. Por isso, a Democracia não deveria jamais se limitar ao "voto", pois trata-se de um processo a merecer revisão. Ou seja, o vereador seria um fiscal do povo, e o povo, um fiscal do vereador. Representados com poder de fiscalizar representantes.
Indiscutivelmente, o eleitor é mais corruptível do que o candidato, uma vez que é a peça mais frágil na engendração da Demagogia. Eu costumo definir a demagogia como "O governo do governo, pelo governo, para o governo." Corrupção é igual a corruptor + corruptível. O corruptor compra porque tem dinheiro, e o corruptível se vende porque não tem dinheiro. O substrato dessa negociata é a "necessidade". Em resumo "nécessité fait loi", ou seja, a necessidade faz a lei. Por aqui, a oração é "A necessidade tem cara de cão".
Sosígenes Bittencourt

2 comments:

Anonymous said...

Muito bem empregada, no texto, a palavra erário. Muita gente costuma dizer: erário público. Ora! Se é erário, já é público. Que pleonasmo mais corrosivo.

Sosígenes Bittencourt said...

Aliás, apesar de "erário" significar "dinheiro público", está cada vez mais particular nas mãos dos que o administram.